#3 MUSICOTERAPIA: Queens of the Stone Age – The Vampyre of Time and Memory

 

Se és como a equipa de redação da FRONTAL e inúmeras vezes, ao ouvires determinada música, especulaste acerca da probabilidade da sua inspiração ter partido algures dos confins do mundo médico, então esta rubrica é para ti. É, portanto, com enorme satisfação que vos trazemos mais um artigo da Musicoterapia – a rubrica musical da FRONTAL onde pretendemos, de forma breve, explorar ou conjeturar acerca das possíveis correlações, das mais óbvias às mais rebuscadas, entre aquela música que não nos sai da cabeça e a Medicina.

Queens of the Stone Age.

Queens of the Stone Age é uma banda americana que se encontra no ativo desde 1996. Atualmente é constituída por Dean Fertita (multi-instrumentista), Michael Shuman (baixo), Jon Theodore (bateria), Troy Van Leeuwen (guitarra) e Joshua Homme (guitarra e voz).

Entre 1998 e 2007, a discografia da banda foi bastante constante, com lançamentos a cada 2/3 anos. No entanto, “… Like Clockwork”, lançado em 2013, foi o primeiro álbum desde “Era Vulgaris” em 2007, criando um hiato de 6 anos entre os dois.

Estes 6 anos foram marcados por contribuições de Josh Homme em álbuns como “Humbug”, “Suck it and see” e “AM” de Arctic Monkeys, e lançamentos de duas outras bandas das quais é um membro fundamental: “Them Crooked Vultures” e “Eagles of Death Metal”.

Mas este intervalo não se deveu somente à participação de Homme noutros projetos. Em 2010, devido a complicações durante uma operação ao joelho, o seu coração esteve parado durante 10 minutos e só depois de várias tentativas de desfibrilhação é que escapou à morte. Como se não bastasse, contraiu uma infeção a Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA), que o deixou no hospital durante 13 dias.

Depois de 4 longos meses de cama, Joshua atravessou 3 anos complicados, durante os quais lutou com uma depressão, não tendo quaisquer perspetivas de trabalhar num 6º álbum. “… Like Clockwork” resultou da insistência dos restantes elementos, que queriam dar continuidade ao seu trabalho e ajudar Homme nesta fase difícil, que foi também marcada pelo súbito despedimento do então baterista, Joey Castillo.

Capa do álbum “…Like Clockwork”, dos Queens of the Stone Age.

Mais recentemente, em 2017, lançaram “Villains”, álbum que trouxeram ao público português em 2018, num concerto no passeio marítimo de Algés.

The Vampyre of Time and Memory”, além de ser a minha música favorita de todo o álbum (e, possivelmente, uma das minhas músicas favoritas de sempre), foi a primeira que Josh escreveu depois do incidente, refletindo emoção pura e sem filtros. A música capta perfeitamente o sentimento de tristeza e solidão, de que nada vai correr bem por muito que tentemos, ao ponto de provocar arrepios no ouvinte. Estão a sentir? Ou sou só eu?

Aos 2 minutos e 22 segundos, surge a parte mais marcante de toda a música, que felizmente foi verdade para o nosso ruivinho: “I’ve survived. I speak, I breathe, I’m incomplete / I’m alive, hurrayyy!”. Algo que logo de seguida ganha um tom cínico quando Josh acrescenta “You’re wrong again, ‘cause I feel no love”.

Queens of the Stone Age.

Mas afinal, o que é o Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA)?

O Staphylococcus aureus é uma bactéria versátil, presente não só a nível hospitalar, mas também na comunidade.

Aproximadamente 20% dos indivíduos têm a mucosa nasal colonizada permanentemente com Staphylococcus aureus, enquanto que 30% são intermitentemente colonizados. Muitos outros locais podem ser colonizados, como as axilas, as virilhas e o trato gastrointestinal.

A meticilina é um um antibiótico β-lactâmico de espectro estreito da classe da penicilina, que atua através da inibição das penicillin-binding proteins (PBPs) envolvidas na síntese de peptidoglicano, um polímero semelhante a uma rede, que compõe a parede de células procariontes (como a bactéria em questão). Foi introduzida em 1959 e, num ano, foram reportados agentes bacterianos resistentes à meticilina. A utilização de diferentes antibióticos ao longo dos anos levou ao surgimento de estirpes de MRSA multi-resistentes, resultado de mutações em genes que codificam proteínas-alvo e da aquisição e acumulação de genes que conferem resistência a antibióticos.

A resistência é conferida pelo gene mecA, que codifica penicillin-binding proteins mutantes, as PBP2A, diminuindo a afinidade do organismo para os antibióticos β-lactâmicos.

A infeção por Staphylococcus aureus resistente à meticilina é uma das principais causas de infeções adquiridas em contexto hospitalar e está usualmente associada a morbilidade, mortalidade, hospitalização prolongada e custos mais elevados. Algumas estirpes de Staphylococcus aureus resistentes à meticilina são também resistentes a outras classes de antibióticos através de outros mecanismos e contêm fatores ou backgrounds genéticos que podem aumentar a sua virulência, limitando as opções de tratamento.

Estamos num ponto em que, desde há algumas décadas, o antibiótico glicopeptídeo vancomicina tem sido a única opção eficaz para o seu tratamento e a sua prescrição tem aumentado consideravelmente. No entanto, a prescrição por vezes indiscriminada tem contribuído para o surgimento e identificação de isolados agora também resistentes a este antibiótico.


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