Ver Sartre… É com o Grupo de Teatro Miguel Torga!

Estreia, no dia 15 de Maio, mais uma belíssima produção do Grupo de Teatro Miguel Torga – As Mãos Sujas, de Jean-Paul Sartre. A trama passa-se na Europa de Leste, no final da 2ª Guerra Mundial, e convida o espectador a reflectir sobre a motivação para determinadas crenças e acções políticas.

Gostavas de ganhar um bilhete para a estreia? Mais uma vez, a FRONTAL leva-te ao teatro!

Ce sont les enfants sages, Madame, qui font les révolutionnaires les plus terribles. Ils ne disent rien, ils ne se cachent pas sous la table, ils ne mangent qu’un bonbon à la fois, mais plus tard ils le font payer cher à la Société. Méfiez-vous des enfants sages!

Jean-Paul Sartre, Les Mains Sales

É dos meninos com propósito, minha amiga, que saem os mais terríveis revolucionários. Não dizem palavra, não se escondem debaixo da mesa, só comem um rebuçado de cada vez, mas mais tarde fazem-no pagar caro à sociedade. Desconfiai dos meninos com propósito!

[hr]

Sartre e as suas lagostas

jean-paul-sartreJean-Paul Sartre é uma das figuras literárias mais proeminentes do Século XX. Além de filósofo e acérrimo defensor do existencialismo e da fenomenologia, foi também guionista, escritor e activista político. Em defesa dos seus ideais, recusou, inclusivamente, o Prémio Nobel da Literatura, em 1964, alegando que um escritor nunca se deveria transformar numa instituição.

A importância de Sartre em termos literários e filosóficos originaria páginas e páginas infindáveis. Entre as suas obras de maior relevância encontram-se La nausée (1938), L’imagination (1936), L’être et le néant (1943), Les mouches (1943), Le mur (1939), e Réflexions sur la question juive (1943), entre outras peças, contos e obras filosóficas. É de salientar que também Sartre tentou estabelecer um diagnóstico de um outro autor – Gustave Flaubert, autor de Madame Bovary. Enquanto era de geral consenso que Flaubert sofria de epilepsia, Sartre foi mais arrojado e declarou, na biografia O Idiota da Família, que este autor sofria, na verdade, de histeria, associada a uma inteligência moderada, e somatizava a sua neurose sob a forma de ataque epiléptico (Gastaut H, Gastaut Y. Gustave Flaubert’s illness, Rev Neurol (Paris). 1982;138(6-7):467-92.)

Contudo, também Sartre daria um caso clínico curioso. Possuía exotropia e de uma miopia marcadas, que alegadamente lhe afectavam o equilíbrio, mas isso não o impedia de escrever de forma intensa e ter um ritmo de trabalho demasiadamente acelerado, sobretudo na fase final da sua vida, altura em que completava a biografia de Gustave Flaubert. De forma a lidar com o stress, Sartre consumia anfetaminas – esta adicção foi pormenorizada em 2009 por John Gerassi, um professor nova-iorquino de ciências políticas, cujos pais pertenciam ao círculo de amigos íntimos de Sartre. Segundo Gerassi, Sartre preferia a droga mescalina, que será uma provável culpada para as halucinaçoes de Sartre com lagostas (ou caranguejos) e também para o desespero sentido perante o absurdo intelectual da sua vida. Um dos episódios mais caricatos de Sartre e das suas lagostas é de uma perseguição cerrada por estes crustáceos… Nos Campos Elíseos. Gerassi acredita ainda que a mescalina teve uma forte influência na obra Náusea e no condicionamento do pensamento deste filósofo.

As Mãos Sujas

Mãos Sujas (Les Mains Sales) teve a sua estreia no dia 2 de Abril de 1948, no Teatro Antoine de Paris, sob a direcção de Pierre Valde. No dia 15 de Maio de 2014 subirá novamente ao palco da Faculdade de Ciências Médicas, com a representação do Grupo de Teatro Miguel Torga. Passada em Ilíria, país fictício da Europa de Leste, no final da Segunda Guerra Mundial, esta peça fala-nos de Hugo Barine, comunista, e da sua aprendizagem e reflexão políticas. Aqui, as figuras de líderes são postas em causa e as funções dos elementos de um grupo político são colocadas num extremo – qual é, no fim de contas, a nossa posição dentro de um partido? Até onde ir em prol dos nossos ideais? Até onde ir pelos ideais de outros? E que dizer das maneiras como um homem pode sujar as mãos…?

Sem dúvida alguma, o principal tema desta peça é o existencialismo, tão acesamente defendido por Sartre; contudo, não são poucos os que defendem que, na verdade, o enredo é uma complexa crítica política. Isto foi de tal forma tido em conta que, quando a versão cinematográfica foi lançada em França, em 1951, alguns apoiantes comunistas ameaçaram os cinemas onde o filme estava a ser exibido, fazendo com que a peça não voltasse a subir aos palcos até 1976.

[tabs] [tab title=”A FRONTAL leva-te ao teatro!”]Gostavas de ir ver “As Mãos Sujas”, representada pelo belíssimo GTMT?

A FRONTAL tem dois bilhetes duplos para ti! Para seres um dos dois sortudos basta, às 21:00 do dia 12 de Maio, preencheres os teus dados neste link! Se fores um dos dois primeiros, entraremos em contacto contigo! Os bilhetes duplos são válidos em qualquer dia da actuação (15, 16, 18, 20, 22 e 23 de Maio), desde que levantados até às 20:30. [/tab] [/tabs]

[accordion] [acc title=”Mais Informações”]FICHA TÉCNICA

Adaptado de: Les Mains Sales

Autor: Jean-Paul Sartre

Encenação: Karas

Cenografia e Figurinos: GTMT

Luz: GTMT

Som: Bruno Vicente

Publicidade: Daniel Pinto

SINOPSE Europa de Leste, algures nos últimos tempos da 2ª Guerra Mundial. Um partido político com várias fações, e um jovem idealista que quer provar o seu valor. Quando alguém entra para um partido, é apenas pelas suas convicções? Com quem formamos essas convicções? Seriam outras, se as circunstâncias fossem diferentes? Porque é que realizamos determinadas ações? O que interessa aqui não é saber o que aconteceu. O que interessa, é saber o porquê do que aconteceu.

QUANDO 15, 16, 18*, 20, 22 e 23 de Maio às 21h (*Matiné – 16h)

BILHETES Estudantes, 65 anos – 3,5€ Restantes – 5€ M/12 anos

É recomendado reservar: 910254205 / 966713569

LOCAL Anfiteatro 1 da Faculdade de Ciências Médicas Universidade NOVA de Lisboa Campo dos Mártires da Pátria, 130 1169-056, Lisboa

TRANSPORTES Martim Moniz (Linha Verde) Metro Avenida (Linha Azul) Autocarros 730, 723, 760, 767

OUTRAS INFORMAÇÕES
www.gtmigueltorga.com
www.facebook.com/gtmigueltorga

CONTACTOS
Email: gtmigueltorga@gmail.com
Telefone: 910254205 / 968628043[/acc] [/accordion]

Artigo anteriorDignidade até ao último suspiro!
Próximo artigoO Artista e a Doença – Oftalmologia
Joana Moniz Dionísio é uma aluna do 5º ano de Medicina na FCM-NOVA. Apesar de ter nascido em Lisboa, viveu durante toda a sua vida em Alcobaça, até regressar novamente à capital para ingressar no ensino superior. Vem de uma zona conhecida pela sua doçaria conventual, mas as suas paixões e hobbies ignoram por completo a culinária, indo desde a Medicina, Literatura e História Universal até temas como a Cultura Oriental e Música Clássica. É colaboradora da revista FRONTAL desde Março de 2013 e foi no também nos idos de Março do ano seguinte que se tornou editora da secção Cultura. Desde Novembro de 2014 que assegura a função de Editora-Geral da FRONTAL. A autora opta pelo Antigo Acordo Ortográfico.

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.