iMed Conference 5.0 – SEXTA-FEIRA, 11 de Outubro

Bem-vindos ao iMed 5.0! A FRONTAL está presente neste grande projecto da AEFCML, com acesso exclusivo a todas as palestras e bastidores. Hoje, discute-se na Reitoria a importância da terapêutica genética, mas antes disso, realizou-se na FCM-NOVA a Sessão Solene de Abertura da conferência. Na mesa de honra, sentaram-se o Ministro da Saúde, Paulo Macedo, o Reitor da Universidade Nova, António Rendas, o vice-director da FCM-NOVA, Jaime Braco e o Professor Brunicardi, editor principal do Schwartz’s Principles of Surgery e docente na UCLA. Falou-se de inovação, medicina, mas também da luta sobre os direitos civis na década de 50 e 60… A melhor forma, portanto, para dar o pontapé de saída para o evento científico do ano!

Em poucos minutos, a Sala dos Actos encher-se-ia...
Em poucos minutos, a Sala dos Actos encher-se-ia…

Oficialmente, o iMed 5.0 iniciou-se às nove e meia, na Faculdade de Ciências Médicas. A Sala dos Actos cobriu-se de pompa para celebrar a abertura do congresso e, simultaneamente, o seu tema principal – a inovação na medicina.
A representar a organização do iMed e a AEFCML, respectivamente Diogo Cabral e Carlota Dias, agradeceram o apoio dos parceiros, dezenas de organizações que, de um forma ou de outra tornaram o evento possível, e enalteceram, citando Churchil ou Pessoa, a criatividade de todos os envolvidos no projecto e a força necessária para se cumprir os sonhos – quer este seja organizar um congresso com a presença de quatro prémios Nobel, ou qualquer outra maior ou menor aspiração.

De sonhos, falou também o Professor Brunicardi, mais particularmente do Sonho de Martin Luther King Jr. – esse desejo de viver num país onde todos os homens são iguais. Usou do exemplo deste líder extraordinário, um desses raros homens capaz de causar mudanças verdadeiramente duradouras, para defender a importância de ensinar Liderança nas faculdades. Só assim poderá ser possível alcançar a excelência e a inovação, por exemplo, na medicina – a visão do estudante para o seu futuro poderá ser a de “apenas” prestar os melhores cuidados de saúde na prática clínica do dia-a-dia ou contribuir para descobertas revolucionárias no campo, quiçá, da terapêutica genética, em ambos os casos, a liderança é fundamental para o sucesso completo.

Carlota Dias discursando sobre os desafios da organização do iMED
Carlota Dias discursando sobre os desafios da organização do iMED

Igualmente presentes na mesa de honra estiveram o Ministro da Saúde, Paulo Macedo, o magnífico Reitor António Rendas, o vice-director da FCM-Nova, Jaime Branco. Todos, de uma forma ou outra, elogiaram a capacidade extraordinária de jovens na organização do, como referido num dos discursos, “evento científico do ano”. Palavras que só podem ter soado doces a todos os presentes.

Simultaneamente, decorriam os workshops de Ecocardiograma em Emergência e de Infecção, Sépsis e Choque. No primeiro, os participantes tiveram oportunidade, talvez única durante a sua formação, de aprenderem teórico e praticamente a “arte” do ecocardiograma. No segundo, foi feita uma abordagem transversal da sépsis, com particular incidência em questões epidemiológicas.
Assim, torna-se óbvio o seguinte: o iMed 5.0 já começou! Três dias de encontro de ideias e diálogo entre as mentes mais inovadoras na Medicina actual encontram-se à nossa frente. Não há como desiludir…

 À tarde, na Reitoria…

Duas e meia, a Reitoria da Universidade Nova de Lisboa enche-se de gente, caras mais ou menos conhecidas não só das faculdades de medicina da cidade, mas também de Coimbra, Covilhã ou Porto.

Em poucos minutos, estas cadeiras encher-se-iam...
Em poucos minutos, estas cadeiras encher-se-iam…

Para iniciar, o Professor Brunicardi, que havia na parte da manhã discutido a importância da Liderança através do exemplo da luta pelos direitos civis da década de 50 e 60, atirou-se agora ao tema principal deste iMed 5.0: a inovação na medicina. E que tema é mais actual do que a “Medicina Personalizada”? Foi precisamente este o caminho seguido pelo professor, tomando atalhos que foram dar à sua área de especialização, a cirurgia. Será que a mastectomia da Angelina Jolie um exemplo perfeito de Medicina Personalizada, inquiriu a plateia com um certo humor.

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Momentos depois, a plateia cheia escutando o Professor Brunicardi.

TERAPÊUTICA GÉNICA: SONHO OU REALIDADE?

«When we started to study gene therapy we thought: is going to cure everything!», ao menos essa foi a ideia exposta por Simon Waddington. Em 1972, era apenas uma fantasia de alguns pensadores vanguardistas – Gene therapy for human genetic? mas 30 anos depois estava já a ser aplicada com sucesso na prática clínica em crianças com SCID associado ao cromossoma X. Hoje, estaremos cada vez mais perto de uma era de “medicina personalizada”, com protagonismo particular da terapêutica génica, ou esta continua a ser uma utopia inalcançável?

A professora Salima Hacein-Bey-Abina revelou à FRONTAL estar preocupada com os desafios sociais impostos pela terapêutica génica - como poderemos garantir um acesso universal de um tratamento tão dispendioso?
A professora Salima Hacein-Bey-Abina revelou à FRONTAL estar preocupada com os desafios sociais impostos pela terapêutica génica – como poderemos garantir um acesso universal de um tratamento tão dispendioso?

Acreditando no que foi dito hoje na reitoria, esta não só é uma possibilidade futura, como é já uma realidade. E com tendência para crescer de forma exponencial!

Hum-hum-hum..
Hum-hum-hum..

A terapêutica génica é uma realidade. Como é que a comunidade médica se adaptará a ela é que é uma pergunta por responder. Por enquanto, aplica-se particularmente a doenças raras (Doença de Gaucher e SCID foram dois exemplos apresentados), mas no futuro poderá alargar-se a patologias muito mais comuns. Risco familiar de Doença de Alzheimer ou síndromes tumorais familiares resolvido “na raiz”? Ainda faltarão alguns anos para alcançar este estado, no entanto é quase certo depararmo-nos com um problema básico: como poderemos financiar um acesso global a este tipo de cuidado de saúde?

 E AGORA, UM PRÉMIO NOBEL!

Findo o Coffe-break, tempo para conversar com palestrantes para os mais corajosos quiçá, regressou-se ao auditório para a discussão sobre Cancro. Na lista de palestrantes dois nomes de peso – Harald zur Hausen, prémio Nobel da Medicina e Fisiologia  e Anne Dejean-Assémat, Prémio UNESCO para Mulheres na Ciência. Na abertura, uma mensagem de esperança com os olhos postos no passado: o caso de sucesso no tratamento da Leucemia promielocitica aguda através da tretionina serviu de exemplo para mostrar como uma simples inovação revolucionou o tratamento de uma doença altamente mortal. A professora Anne Dejean explicou à plateia o seu trabalho envolvendo a modulação epigenética através das proteínas SUMO, um tema conhecido de poucos mas que acabou por ser do agrado de todos.

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Harald Zur Hausen, o prémio Nobel da Medicina e Fisiologia 2008

Para terminar o dia, recebemos uma notícia que, principalmente para os bons garfos, poderá ser aterradora – as carnes vermelhas, particularmente as “mal passadas”, estão particularmente associadas ao cancro colo-rectal. Apesar de termos de dizer adeus à picanha brasileira e ao bife au poivre, o ponto positivo nesta história é termos actualmente a informação necessária para adoptar medidas de saúde pública capazes de diminuir decisivamente a incidência desta doença terrível – tabaco e álcool, os suspeitos do costume, devem ser os inimigos a combater, revelou o Prémio Nobel da Medicina e Fisiologia de 2008. Adicionalmente, expôs ainda a importância dos tumorovírus na carcinogénese em crianças.

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O Luís Afonso nasceu em Coimbra, mas sempre sonhou ser de Mortágua. É estudante do 6º ano de Medicina, mas gostava era de ter um bar de praia em Copacabana e um canudo de Línguas Orientais na algibeira. Se o virem num concerto de Coldplay com ar aluado, provavelmente enganou-se no caminho ao sair de casa para comprar bolachas com chocolate, situação que, aliás, lhe acontece frequentemente. Quase ganhou o torneio de Trivial Pursuit da Queima das Fitas, só que errou a pergunta «Quantos dias sobrevivem os Glóbulos Vermelhos?». A partir daí a sua vida foi sempre a descer.

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