PNA 2021: Tudo o que Deves Saber!

Estás a preparar a Prova Nacional de Acesso, mas continuas com o “nervoso miudinho” de poderes estar a perder algo? Gostavas de ouvir mais testemunhos de quem fez a prova em 2020, para poderes saber com o que contar? Num ano em que tudo se mantém, a FRONTAL relembra-te do que podes antecipar e dá a voz a quem quer partilhar a sua sabedoria para o futuro.

Com efeito, de acordo com o site oficial da ACSS, a matriz de conteúdos e a lista de referências bibliográficas transita sem alterações do ano anterior:

«Sobre a Prova Nacional de Acesso 2021 (PNA 2021), informa-se desde já que a sua matriz de conteúdos e lista de referências bibliográficas manter-se-á nos termos previstos no Despacho n.º 4724-A/2019, de 9 de maio, alterado pela Declaração de Retificação n.º 441-A/2019, de 17 de maio.»

Como sabes, a FRONTAL já cobriu a matriz da PNA 2020, tendo elaborado uma grelha, semelhante à presente na matriz presente no Despacho n.º 4724-A/2019, salientando as diferenças entre a prova de 2019 e a de 2020 (e, por conseguinte, a de 2021). Recomendamos, para quem quiser conhecer as diferenças entre esses anos, a leitura desse artigo e da grelha elaborada pelas autoras, disponível neste link.

Assim, relembrando, a Bibliografia recomendada baseia-se nas «últimas edições originais dos livros publicadas pelo menos 18 meses antes da realização da PNA respetiva», englobando os seguintes manuais:

  • Wing E, Schiffman F. Cecil Essentials of Medicine. Elsevier. 9ª edição. (A 10ª edição foi publicada em 2021).
  • Kasper D, Fauci AS, Hauser S, Longo D, Jameson J. Harrison’s Principles of Internal Medicine. McGraw-Hill Education. 20ª edição (publicada em 2018)
  • Guerrero-Fernández J, Cartón Sánchez A, Barreda Bonis A, Menéndez Suso J, Ruiz Domínguez J. Manual de Diagnostico y Terapéutica en Pediatria. Editorial Médica Panamericana. 6ª edição (publicada em 2018)
  • Brunicardi FC, Andersen DK, Billiar TR, Dunn DL, Hunter JG, Matthews JB, Pollock RE. Schwartz’s Principles of Surgery. McGraw-Hill Education. 11ª edição (publicada em 2019).
  • Casanova R, Chuang A, Goepfert A, Hueppchen N, Weiss P, Beckmann C, Ling F, Herbert W, Laube D, Smith R. Beckmann and Ling’s Obstetrics and Gynecology. Wolters Kluwer. 8ª edição (publicada em 2018)
  • Harrison P, Cowen P, Burns T, Fazel M. Shorter Oxford Textbook of Psychiatry. Oxford University Press. 7ª edição (publicada em 2017)

Para os conteúdos A recomenda-se a leitura de Harrison’s Principles of Internal Medicine.

Para os conteúdos de Oftalmologia, recomenda-se Bagheri N, Wadja B, Calvo C, Durrani A, Friedberg M, Rapuano C. The Wills Eye Manual. Wolters Kluwer. 7ª edição. (A 8ª edição estará a publicar em julho de 2021, de acordo com o website da Wolters Kluwer).

Para os conteúdos de Otorrinolaringologia, recomenda-se Probst R, Grevers G, Iro H. Basic Otorhinolaryngology. Thieme. 2ª edição (publicada em 2017)

Passemos agora a abordar o regulamento da PNA em maior detalhe, resumindo o documento disponibilizado no site da ACSS que define as normas para a execução da prova, que seguirá em 2021 nos mesmos moldes do ano anterior. Assim:

A Prova Nacional de Acesso consiste numa prova pública que visa o acesso à Formação Especializada, através da avaliação de conhecimentos que um médico sem Formação Médica Especializada deve ter e capacidade de raciocínio clínico. É de realização obrigatória para todos os candidatos admitidos ao procedimento concursal de ingresso no Internato Médico e que visam o ingresso numa área de especialização, ou a mudança de área de especialização ou de local de formação especializada.

Salientando pormenores da estrutura da prova, na PNA constam 150 itens de escolha múltipla, com seleção da resposta mais correta (Single Best Answer – SBA) entre um número variável de respostas possíveis não superior a cinco. Cada resposta certa é cotada com um ponto, sem desconto nas respostas em branco ou erradas. Tem uma duração de 240 minutos, encontrando-se dividida em duas partes, I e II, com duração de 120 minutos cada. Existem ainda 3 versões de cada parte. A desistência ou ausência a uma das partes não prejudica a parte já realizada ou ainda a realizar, salvo os casos de desistência expressa de ambas as partes.

No dia de realização da prova, os candidatos devem comparecer no local de exame com antecedência e identificar-se através de documentos apropriados: BI/CC, passaporte, carta de condução ou cédula profissional.

Os candidatos têm o direito à desistência, sendo que a desistência de qualquer parte não implica a desistência da totalidade da PNA e não prejudica o ingresso na Formação Geral, em conformidade com o Regime Jurídico do Internato Médico.

A ocorrência de qualquer irregularidade é conducente à anulação imediata da PNA, sendo estritamente proibido: 

  • a indicação, na folha de respostas, de elementos identificativos do candidato ou quaisquer elementos estranhos ao processo; 
  • a utilização de telemóvel ou outro dispositivo eletrónico durante a realização da PNA; 
  • o recurso a qualquer documentação; 
  • a troca de informações entre os candidatos da PNA ou com elementos externos;
  • a não observância das condições particulares da PNA face à atual situação de pandemia que irão ser disponibilizadas no site da ACSS, IP.

NB: No ano passado, foi vedada a realização da prova a estudantes em isolamento profilático ou que tivessem testado positivo para o SARS-CoV-2 no período imediatamente anterior à realização da prova e cuja situação epidemiológica ainda não estivesse resolvida.

A anulação produz efeitos imediatos e importa a anulação da PNA na sua globalidade.

As chaves de resposta da PNA, na sua versão provisória são divulgadas no dia útil seguinte ao da realização da PNA, sendo a versão definitiva divulgada atendendo ao cronograma a prever no Aviso que procede à abertura do procedimento concursal respetivo. A lista de classificações nas suas versões provisória e definitiva é divulgada na página eletrónica da ACSS.

As reclamações poderão ser apresentadas ao GPNA exclusivamente para o canal im2021@acss.min-saude.pt até 5 dias úteis após a divulgação das chaves de resposta, na sua versão provisória; e até 5 dias úteis após a publicação do resultado da PNA relativamente ao número de respostas corretas.

Por fim, a FRONTAL traz-te os testemunhos de alguns colegas que realizaram a PNA em 2020, bem como os conselhos que podem dar aos futuros examinandos para alcançar a nota que desejam.

«Não há milagres! Para conseguires saber o máximo possível tens que estar no teu melhor!»

A Inês Peralta prestou-nos estas palavras de motivação, completas com uma setlist de bons hábitos que praticou durante a sua época de estudo para a PNA:

  • fazer um calendário, refreando a ambição e planeando para os “dias não”;
  • saber que esses “dias não” virão – “quando não dá, não dá”;
  • aproveitar o estudo em conjunto e ser-se criativo: o bom humor compensa sempre;
  • conhecer como se é mais produtivo – sessões de estudo mais prolongadas, ou mais curtas com mais pausas para recuperar forças?;
  • praticar desporto“até uma corrida é menos aborrecida que o estudo”;
  • evitar consumir álcool e tudo o que possa prejudicar o rendimento académico;
  • acima de tudo, criar rotinas produtivas e sustentáveis!

Por seu lado, o Diogo Fortunato ressalvou a importância da amizade e das relações, não só como uma maneira de manter a motivação e a vontade de continuar a trabalhar – “Toda a vocação ou paixão por medicina sofre durante este ano pesadíssimo um abalo inevitável, sendo fundamental que a pessoa se rodeie dos seus amigos…” – mas também, e sobretudo, como sendo as pessoas que estarão sempre disponíveis para ajudar, mesmo quando tudo pareça perdido – “…e que, de preferência, tenham as crises existenciais desfasados uns dos outros. Foi o meu caso, sobretudo, com a minha namorada, com quem geri este estudo desde o início e que foi a minha parceira de estudo à distância, puxando-me para cima quando ia abaixo e contando comigo para o mesmo.”.

Adicionalmente, se inicialmente, para o Diogo, os descansos vinham uma vez de semana a semana, se tanto, começaram a chegar com mais frequência à medida que a época de estudos progredia – o passar do tempo e o acumular do cansaço começaram a prejudicar mais rapidamente o rendimento, a concentração e a motivação.

Quanto aos seus hábitos em época de estudo, a Danna Krupka notou a importância do equilíbrio entre o trabalho e o descanso. Não há volta a dar – o descanso deve ser levado a sério: “se não existir essa pausa, o estudo em si começa a ser pouco produtivo de tanto cansaço”. Stress, concentração e capacidade de memorização terão de coexistir pacificamente durante estas alturas – o conselho comum a todos os que já fizeram, independentemente de métodos pessoais, passa mesmo por saber estruturar os momentos de trabalho e os momentos de descanso.

«Tem de existir um balanço – nem tanto ao mar, nem tanto à terra -, e essa é a parte mais difícil.»


Para a organização do estudo, os nossos colegas relataram diversos métodos. O Diogo Fortunato referiu que optou por assistir às aulas de uma academia de preparação para a prova, com o objetivo de ir a cada aula com a matéria previamente estudada a fundo, “sabendo que isto podia ser utópico dada a exigência de certos estágios”. Contudo, conseguiu gerir o ritmo, conseguindo assistir à quase totalidade das aulas de acordo com o seu plano, que referiu ser um importante “marca-passo” para combater a perda de foco e de motivação. Assim, o Diogo realizou três voltas de estudo do material recomendado, com o auxílio de plataformas e bancos de perguntas online que lhe permitiam ganhar técnica e experiência a fazer perguntas, ou seja:

  • na primeira volta, relia os temas que podiam ser sistematizados de forma simples, depois das aulas, numa plataforma online de estudo de Medicina (Amboss®);
  • na segunda volta, começou a fazer as perguntas dos bancos de perguntas dessa mesma plataforma;
  • na terceira volta, mais rápida, reviu os temas principais com a mesma profundidade, abordando os temas da classe C de forma mais seletiva com a informação, dada a sua diversidade, fazendo de novo as perguntas dos bancos da plataforma acima referida e de outra (UWorld®). 

«Fundamental saber a matéria teórica, saber aplicá-la nas perguntas e ter confiança no estudo prolongado que é, não desesperando com o facto de já não saber nada da aula que se estudou uma semana antes.»

Por seu lado, a Danna Krupka refere que, além das aulas, se testou muito à base da resolução de casos clínicos. Na opinião da Danna, praticar este tipo de exercícios “é muito importante porque não só treina para a rapidez do raciocínio clínico, mas também a selecionar a informação de acordo com a pergunta”, o que pode significar o ganho de preciosos minutos durante a realização da prova, que podem ser perdidos a ler enunciados longos e repletos de informação, nem toda ela relevante à questão. 

Assim, o estudo focou-se na base da fisiopatologia, clínica e abordagem ao doente (por oposição às já conhecidas perguntas de factos constatados na bibliografia que muitos acusavam a PNAS de utilizar), tendo os estágios clínicos do 6º ano contribuído bastante graças à sua capacidade de colocar o estudante em contacto com a abordagem, inicial ou na consulta, ao paciente. Com efeito, a realização de exames segundo o modelo explicitado pelo regulamento (duas partes de 120 minutos cada) foi um método de estudo fundamental para a preparação para a prova.

A Inês Peralta optou por uma abordagem diferente, também dividida em três fases:

  • inicialmente, começou com o estudo pormenorizado dos temas – “porque ao veres o pormenor também vês o geral”;
  • mais tarde, na primeira revisão, procurou encaixar os conteúdos numa “big picture”, mais geral, tendo utilizado manuais de texto especializados como o First Aid for the USMLE Step 2 (Le T, Bhushan V; 2018. McGraw-Hill);
  • nos últimos meses, focou-se sobretudo na resolução de perguntas, tendo usado flash cards e revisto pontualmente aspetos mais importantes da matéria.

A resolução de perguntas focou-se no modelo de exame, à semelhança do relatado pela Danna, tendo-se também socorrido do banco de perguntas da UWorld®.

«Avisava em casa quando é que era dia de exame e já sabiam que não me podiam chamar.»


Finalmente, perguntámos a cada um dos nossos entrevistandos se teriam feito algo de diferente na sua preparação para o estudo, ou que conselhos poderiam dar a quem está neste momento a preparar a PNA.

A Danna Krupka referiu que, na sua opinião, alguns dos livros indicados na bibliografia não correspondiam tanto ao que era exigido, quer na prova, quer na prática real, dada a diferença entre as realidades portuguesa e, por exemplo, hispanófona, no caso do manual de Pediatria recomendado.

Por seu lado, a Inês Peralta despediu-se com um conselho fundamental – algo que, na sua opinião, não deve ser descurado de todo – “nada (NADA!) é mais importante que a nossa saúde mental”. Quando começar a deteriorar, o mais importante deve ser admiti-lo e procurar ajuda o mais rápido possível, porque, além de condicionar a concentração e a memória, um estado de dificuldades poderá continuar a ter repercussões muito após o exame.

Por fim, o Diogo Fortunato refere que, hoje, teria abordado o estudo inicial de forma diferente, não tendo acrescentado pormenores adicionais, que mais tarde considerou impossíveis de perguntar ou aplicar na prática clínica, ao material de estudo de base. Adicionalmente, referiu que, na sua opinião, havia informações contraditórias entre os dois manuais de Medicina referidos na Bibliografia da prova, que a tempos se revelaram inconvenientes ao estudo por suscitar dúvidas ao examinando quanto à escolha da abordagem certa.

«Não tenho nenhuma dica milagrosa, é fazer o que se fez durante a faculdade, mas num ritmo muito mais intenso e com a motivação e resiliência a serem postas à prova praticamente todos os dias.»


Este artigo foi elaborado pelo Departamento de Política Educativa da FRONTAL, sob a tutela da Carolina Almeida, com o contributo de: Hena Shurendra, Inês Pinto, Pedro Vilão Silva e Teresa Núncio.

Agradecemos à Danna Krupka, ao Diogo Fortunato e à Inês Peralta pela atenção prestada, e à Beatriz Oliveira e à Lia Bruno pela elaboração da tabela com os conteúdos da matriz da PNA 2020 e 2021.

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