A realização do internato no Reino Unido é um processo longo, complexo e, para algumas especialidades, bastante competitivo. O primeiro passo para se fazer o internato neste país é a realização do exame para a obtenção de um certificado internacional de inglês, habitualmente o IELTS que tem uma validade de dois anos, sendo necessário obter 75% nas suas quatro componentes. Seguidamente é fundamental fazer uma candidatura para o General Medical Council (GMC), passo necessário para se ter visto de trabalho no Reino Unido. A inscrição nesta instituição pode ser provisória (Provisional Registration), para os que não têm experiência profissional, ou definitiva (Full Registration), para os que têm doze meses de experiência hospitalar como é o caso dos médicos que tenham completado o Ano Comum em Portugal. A Full Registration atribui aos médicos recém-formados autonomia, tendo porém um custo mais elevado.
Simultaneamente é necessário também fazer uma candidatura ao Foundation Programme (FP). Este é um curso que faz a ponte entre o mundo universitário e o hospitalar, obrigatório para todos os recém-formados e com a duração de dois anos, durante os quais é dada a oportunidade de ganhar experiência profissional em várias especialidades e centros hospitalares. Existe igualmente um programa específico para os que pretendem seguir uma carreira académica apelidado de Academic Foundation Program.
Os médicos portugueses que desejam fazer o FP têm, em primeiro lugar, de submeter o certificado de conclusão do MIM e de inscrição na Ordem dos Médicos ao United Kingdom Foundation Programme Office’s (UKFPO) Eligibility Office, o qual vai aferir se o candidato cumpre os critérios de elegibilidade. O próximo passo é realizar a candidatura ao FP em si, na qual é necessária fazer uma lista de preferências entre as várias instituições responsáveis por ministrar o programa, as chamadas Units of Application (UoA). A partir das informações recolhidas, os candidatos são seriados, recorrendo-se a uma pontuação de 0 a 100 que tem por base dois critérios: 50 pontos para a performance escolar (34-43 pontos correspondentes às notas obtidas ao longo do curso e 7 pontos para outras conquistas académicas, nomeadamente publicação de artigos científicos e obtenção de outros graus universitários) e outros 50 pontos para um exame apelidado de Situational Judgement Test, que visa avaliar as capacidades como profissionalismo, comunicação, trabalho em equipa e gestão da pressão. O ingresso (ou não) nos centros hospitalares eleitos depende da pontuação conseguida pelo referido método.
O calendário da candidatura para o FP não se encaixa no que existe para o sexto ano do MIM e para a realização da Prova Nacional de Seriação em Portugal. No concurso para 2013 os prazos foram os seguintes: entre 16 julho e 17 de agosto de 2012 foi necessário enviar a documentação para o UKFPO’s Eligibility Office; as inscrições online no FP começaram no início de outubro de 2012 e os resultados sairão em fevereiro de 2013. O FP iniciar-se-á em agosto de 2013, tendo de estar completa por essa altura a inscrição no GMC. Disto se conclui que a candidatura deve ser preparada com a antecedência de um ano e os candidatos terão sempre que ter um período de espera entre o fim do curso e o ingresso no Internato.
Só depois da conclusão do FP é possível ingressar na especialidade. A candidatura é feita através dos vários Colégios de Especialidade, consoante as vagas abertas em cada ano pelos diversos Hospitais. Existem dois modelos de especialidade: um contínuo de sete anos e outro de dois ou três anos de conhecimentos básicos com possibilidade de progressão para formação técnica superior.
Considerando todos os aspetos, conclui-se que o percurso até à especialidade Reino Unido é longo e trabalhoso. Porém outra coisa não seria de esperar: afinal, para muitos, este é o país com o melhor Sistema de Saúde do mundo.