Eis a Questão: Investigação

Qual a biologia e comportamento do cancro da mama masculino?

O cancro da mama no homem é uma doença rara, representando cerca de 1% de todos os diagnósticos de cancro da mama a nível mundial e 1% dos cancros diagnosticados no homem.

Doutora Fátima Cardoso Unidade de Mama, Fundação Champalimaud
Doutora Fátima Cardoso
Unidade de Mama, Fundação Champalimaud

Devido à raridade da doença tornou-se necessário desenvolver um estudo multinacional sobre a mesma, uma vez que atualmente se utilizam os mesmos procedimentos que no cancro da mama feminino. Surgiu então o projeto intitulado Male Breast Cancer International Registration and Biologic Characterization Program, que se destina essencialmente a compreender melhor a biologia e o comportamento do cancro da mama no homem.

O projeto divide-se em 3 fases: (1) análise de dados clínicos e de material tumoral obtidos de casos tratados nos últimos 20 anos; (2) registo e colecção de dados clínicos e material biológico de doentes tratados na rede de instituições participantes durante 2 anos; (3) en- saio(s) clínico(s) prospetivo(s).

O Programa é coordenado pela European Organization for Research and Treatment of Cancer (EORTC), com o apoio das redes Breast International Group (BIG) e do Translational Breast Cancer Research Consortium (TBCRC).

A fase 1 e 2 estão já em andamento e vão proporcionar o maior número de casos estudados de cancro da mama no homem de sempre, permitindo uma melhor caraterização biológica e desta forma, a médio prazo, uma melhor estratégia de tratamento.

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Como aperfeiçoar o tratamento de infeções fúngicas invasivas?

PanCandida é um projeto que pretende revolucionar a atual terapêutica relativa às infeções invasivas provocadas por Candida albicans e C. glabrata.

Professor Doutor Nuno Mira, responsável pelo projeto PanCandida

Em desenvolvimento numa parceria entre o Laboratório de Biotecnologia e Bioengenharia do Instituto Superior Técnico (LBB-IST), a Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa e o Centro Hospitalar Lisboa Central, o PanCandida é um chip pangenómico que, ao contatar com tecidos infetados do doente, conseguirá verificar se a Candida presente numa infeção tem expressão aumentada dos genes de virulência e invasão. Para este objetivo, será feita uma análise populacional de infeções invasivas provocadas por estas duas espécies de Candida, por forma a discriminar os genes referidos.

Atualmente, as infeções fúngicas são subdiagnosticadas e, quando detetadas, tratadas de forma empírica, resultando em graves re- sistências aos fármacos disponíveis. Os dados fornecidos por PanCandida permitiriam uma terapêutica otimizada, tendo em conta as caraterísticas de invasão da espécie presente, reduzindo a prescrição de antifúngicos às situações estritamente necessárias.

Outra potencialidade do chip será a caraterização do perfil epidemiológico de Candida na população portuguesa, uma vez que a aquisição de dados genéticos para a sua execução será feita com base em amostras recolhidas de pacientes com candidoses, enão apenas manipulados laboratoriais.

Uma das funções da ciência é universalizar o acesso à saúde, e este projeto é também um contributo no caminhar para esse objetivo.

Professor Doutor Nuno Mira (LBB-IST)

PanCandida recebeu, no dia 22 de janeiro, o prémio Gillead-Génese, destinado a projetos científicos com responsabilidade social.

 

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Joana Moniz Dionísio é uma aluna do 5º ano de Medicina na FCM-NOVA. Apesar de ter nascido em Lisboa, viveu durante toda a sua vida em Alcobaça, até regressar novamente à capital para ingressar no ensino superior. Vem de uma zona conhecida pela sua doçaria conventual, mas as suas paixões e hobbies ignoram por completo a culinária, indo desde a Medicina, Literatura e História Universal até temas como a Cultura Oriental e Música Clássica. É colaboradora da revista FRONTAL desde Março de 2013 e foi no também nos idos de Março do ano seguinte que se tornou editora da secção Cultura. Desde Novembro de 2014 que assegura a função de Editora-Geral da FRONTAL. A autora opta pelo Antigo Acordo Ortográfico.

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