Corpo e Alma – A arte do Flamenco

O flamenco é conhecido globalmente pela sua sensualidade, graciosidade e intensidade. Engloba o baile (os movimentos), mas também o cante (a voz) e o toque (os diferentes instrumentos utilizados), pelo que em 2010 foi declarado Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Do ponto de vista histórico, o flamenco, tal como hoje é conhecido, data do final do século XVIII, sendo a sua origem controversa. Pensa-se que tenha nascido da fusão de estilos musicais e danças tradicionais de povos diversos, entre os quais ciganos, mouros e judeus, para além dos andaluzes. Esta mistura de culturas deu origem a um vasto leque de compassos e estilos musicais – uns mais rápidos e festeiros, outros mais lentos ou mais tristes – que transformam o flamenco numa arte viva e dinâmica, equivalendo a dança à sua expressão corporal.

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Mas porquê dançar flamenco?

 

Exercício Aeróbico e Fortalecimento Muscular

Do ponto de vista físico, o flamenco consiste num exercício de intensidade moderada. No entanto, esta pode variar muito consoante a dinâmica de cada compasso: compassos mais rápidos carecem de uma maior resposta dos sistemas cardiovascular e respiratório, sendo nesta perspetiva um exercício fisicamente desafiante.

Por outro lado, é bastante completo a nível de trabalho muscular. Os sapateados são especialmente exigentes para os grupos musculares anteriores e posteriores dos membros inferiores e também para os glúteos, enquanto que os movimentos dos braços e mãos exercitam músculos desde o antebraço até à porção superior do dorso, fortalecendo-os.

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Postura

O flamenco tem um marcado componente postural. Para este estilo de dança é fundamental a posição ereta da coluna com projeção do tórax, cabeça erguida e ao mesmo tempo uma flexão mantida dos joelhos. Idealmente, equivaleria ao alinhamento da nuca, omoplatas, coluna torácica, sacro e calcanhares no plano vertical, por exemplo, como se os encostando a uma parede. Preservar este alinhamento requer esforço e tem benefícios no fortalecimento dos músculos do dorso e abdómen, envolvidos na sua manutenção. Além disso, contribui para a correção de alguns vícios posturais e de sintomas por vezes associados.

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Coordenação e Musicalidade

Pela sua complexidade, o flamenco, é um ótimo treino de coordenação. Aos movimentos simultâneos das pernas com os braços, transversais a muitos outros estilos de dança, juntam-se algumas particularidades, como os movimentos das mãos, cuja facilidade é apenas aparente, e ainda a associação de alguns acessórios como leques, mantons (xaile típico espanhol habitualmente bordado e franjado) ou, por vezes, castanholas.

Outro componente característico desta arte são os sapateados. Estes, além de exigirem coordenação, promovem um bom treino de ouvido, pois implicam que quem dança faça também parte da música.

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Benefícios para a Mente

Tal como muitas outras modalidades, o flamenco exercita a concentração e a memória de uma forma diferente da que estamos habituados. Ao invés da memória semântica, a qual é frequentemente exercitada pelos estudantes, o flamenco treina outros tipos de memória, tais como a física e a visual, necessárias à reprodução correta dos movimentos e coreografias. Mais ainda, por estimular um tipo de atividade diferente da habitual e quotidiana, desencadeia uma sensação de gratificação e descanso.

Contudo, este estilo de dança vai mais além. Por ter uma gama muito variada de ritmos e de compassos, permite a expressão não-verbal de uma série de emoções diferentes, o que acaba por ajudar na manutenção de um estado de “equilíbrio mental” e no alívio de stress. Por este mesmo motivo, há cerca de quinze anos em Espanha começou a falar-se no conceito de “Flamencoterapia”1: uma forma de “terapia psicológica” que se baseia na expressão, através do flamenco, de emoções sentidas ao longo dos dias e que não são exteriorizadas de outras formas pelos doentes.

A realidade é que os benefícios do flamenco como psicoterapia não estão comprovados cientificamente, mas, de facto, é uma boa maneira de aliviar o stress acumulado durante a semana. Não obstante, e mais importante que tudo o resto, é uma atividade divertida e envolvente para o corpo e para a alma.

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P ara os interessados em experimentar, existem várias escolas em Lisboa com aulas de diferentes níveis, incluindo iniciação. Ficam algumas sugestões:

Dance Spot Campo Grande

Professora Rute Sá Lopes

Rua Fernando Vaz nº10 B, Lisboa

915 773 155 | 214 003 877

Dance Spot Amoreiras

Professora Rute Sá Lopes

Rua Marquês da Fronteira 76 A, Lisboa

915 773 155 | 214 003 877

Art!st - Escola da Dança

Professora Marta Chasqueira

Rua da Manutenção nº45 Beato, Lisboa

218 689 416

 

Bibliografia

  1. “Flamencoterapia, Cómo Combatir La Depresión A Ritmo De Bulería – 20Minutos.Es”. 20minutos.es – Últimas Noticias. N.p., 2017. Web. 8 June 2017.

Imagens:

“Flamenco Festival 2015: Sara Baras – Adrienne Arsht Center”. Arshtcenter.org. N.p., 2017. Web. 8 June 2017.

“La Premio Nacional De Danza 2010, Roc�O Molina, Este Martes En La VIII …”. Es.globedia.com. N.p., 2017. Web. 8 June 2017.

“Flamenco In Barcelona – The Best Place’s”. Happypeoplebarcelona.com. N.p., 2017. Web. 8 June 2017.

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