Salva-vidas dentro de nós !

É estranho imaginar que a tua própria vida possa depender da boa vontade de outra pessoa, ainda para mais nos dias de hoje em que a sobrevivência se torna imperativa e empurra a solidariedade para o canto dos princípios que regem o caminho da maioria. Não tem que seguir este rumo, a entre ajuda é barata e não rouba tempo, aliás dá tempo. Dá tempo e esperança àqueles cuja única esperança de cura reside num simples acto de ajuda. A doação de medula óssea (MO) é um desses actos, e o registo de dadores de MO tem vindo a aumentar de forma sorridente graças às mais diversas campanhas nacionais e mundiais. Vamos descobrir um pouco mais sobre a doação de MO.

Eu gosto MO

Para quê ?

mo
Medula óssea

A medula óssea é um tecido localizado no interior dos ossos longos e das cavidades esponjosas de ossos, como por exemplo os da bacia, e o seu papel é armazenar as células progenitoras capazes de originar qualquer célula do sangue periférico.  Logo quando há comprometimento do normal funcionamento da MO é indicada um transplante de MO ou células tronco-hematopoiéticas.

Tais situações englobam patologias adquiridas (Leucemia linfóide aguda, Leucemia mielõide aguda, anemia aplástica, Leucemia mielóide crónica, Linfoma de Hodgkin, Mieloma múltiplo, Síndorme mielodisplásico, Linfoma não-Hodgkin, Hemoglobinúria paroxística nocturna) e congénitas (Adrenoleucodistrofia, Síndrome de Huler, Doença de Krabbe, Leucodistrofia metacromática, Talassemia, Linfohistiocitose hemafagocítica, Síndrome de Wiskott-Adrich, alguns erros inatos do metabolismo).

O acto

É um procedimento da área da hematologia e da oncologia. Apesar de se falar de transplante de medula óssea, na realidade o que se faz é uma reinfusão ou transfusão no doente de células progenitoras retiradas da medula do dador. Estas células saudáveis vão substituir as células doentes e são responsáveis pela formação de novas células saudáveis. Como qualquer transplante, para que tenha sucesso as células do dador e do receptor tem que ser compatíveis.

O que difere este procedimento da maioria dos transplantes de órgãos é o facto do receptor receber por via endovenosa um aspirado de células de medula óssea do dador. Essas células vão migrar pelo sangue até se fixarem na medula óssea do receptor e voltarem a multiplicar-se e cumprir as suas funções. Apesar de aparentemente simples, é um procedimento de risco.

E dói ?

Não, os procedimentos não são dolorosos e são feitos sob o efeito de anestesia.

Como se faz a colheita ?

Depois da tipificação por exame de histocompatibilidade (HLA), os dados do dador são cruzados com os possíveis receptores que precisam de TMO constantemente, se se verificar compatibilidade são realizados outros exames sanguíneos para a confirmar. Se aceitar doar é então avaliado o estado de saúde do dador e procede-se à colheita.

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Colheiita de MO

Existem dois processos de colheita de células para transplantação de medula:

  1. Colheita a partir da medula óssea – Células progenitoras colhidas do interior dos ossos pélvicos. Requer geralmente anestesia geral e uma breve hospitalização;
  2. Colheita de células progenitoras periféricas – Colheita feita no sangue periférico, geralmente a partir de uma veia do braço, através de um processo chamado aférese, em que o dador tem de tomar previamente um medicamento que é um factor de crescimento que vai fazer aumentar a produção e circulação de células progenitoras no sangue periférico.

Além destes dois métodos, existe ainda outra fonte de células progenitoras que são as células do cordão umbilical. Neste caso, após consentimento prévio da mãe, as células são colhidas do cordão umbilical quando o bebé nasce. O cordão umbilical tem uma percentagem muito elevada de células progenitoras mas como a quantidade geralmente é pequena, são utilizadas, sobretudo, na transplantação de crianças.

Como posso ser dador ?

Os critérios são os seguintes:

  • Ter entre 18 e 45 anos,
  • 50 kg de peso (no mínimo);
  • 1,5 m (mínimo);
  • sem doenças crónicas ou autoimunes (ser saudável);
  • nunca ter recebido uma transfusão de sangue após 1980.

Para se registar como dador de MO só tem que preencher um impresso e tirar uma amostra de sangue. Primeiro, o que se tem de fazer é informar-se, junto do centro de dadores (Centros de Histocompatibilidade do Sul, do Centro e do Norte) da região, qual o hospital ou centro de saúde onde se pode dirigir. Depois o tal questionário clínico será avaliado por um médico. Caso não haja nenhuma contra-indicação, são realizados alguns testes sanguíneos. Se estiver tudo bem, os dados são guardados numa base informática nacional e internacional. Uma vez registado como potencial dador poderá ser chamado para salvar alguém até aos 55 anos de idade.

O anonimato e a confidencialidade são rigorosamente mantidos. Como voluntário o dador não tem nenhuma obrigação legal. Um potencial dador com compatibilidade com um doente que necessite de transplante de medula pode, por diversas razões, retirar-se do processo. As decisões individuais serão sempre respeitadas.

O que é o CEDACE ?

É a designação abreviada de Centro Nacional de Dadores de Medula Óssea, Estaminais ou de Sangue do Cordão. Na prática, trata-se do Registo Nacional de Dadores Voluntários de Células de Medula Óssea, criado em 1995, com o objectivo de responder a doentes que necessitavam de um transplante mas não tinham dador familiar compatível.

É fácil encontrar um dador ?

Aproximadamente 80% de todos os doentes têm, pelo menos, um potencial dador compatível. Esta percentagem subiu significativamente (em 1991 era 41 por cento) depois do esforço que foi feito mundialmente no recrutamento de dadores. Se o doente não tiver um dador familiar compatível é iniciada uma pesquisa aos registos de dadores. Assim que é identificado um potencial dador compatível, este é informado e, caso aceite, vai prosseguir o processo.

Quantas doações posso fazer ?

A medula óssea regenera rapidamente, pelo que é possível fazer mais do que uma dádivadoar

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Aluna do 6º ano do MIM na FCM-UNL, oriunda de Loulé, apaixonada pela praia, pelo sol e pelo campo, ingressa na FCM em 2010 e desde 2012 que colabora com a secção de Saúde e Bem-Estar da FRONTAL. Como amante de desporto e praticante de atletismo, veste as cores da universidade NOVA e leva o nome desta mui nobre faculdade aos campeonatos universitários. Ao desporto alia o seu clarinete que toca desde os 8 anos e um gosto amador pela pintura, o que não pode acontecer é ter tempo livre. Tem especial curiosidade e apetência pelo estudo e compreensão do mundo que a rodeia, o que a leva a questionar e a querer descobrir as razões e as soluções para os problemas que surgem no seu caminho.

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