Pausa, o Compasso entre Ir e Voltar

Deixar (quase) tudo, sair de casa, entrar num carro, num comboio, num avião: fazer uma pausa. Ao regresso, tudo estará aqui, à espera, a diferença terá operado somente no viajante. O recomeço no lugar original, recuperado, será certamente mais saboroso. Por isso, vai! Aqui ficam algumas ideias sobre como viajar muito, gastando pouco.

Para Inspirar, Pausa Moonrise Kingdom 1

Uma viagem é um empreendimento. Como tal, exige dedicação e tempo na hora de a planear. As variáveis são muitas: seleção do destino, do meio de transporte, do alojamento, do que fazer no lugar que nos acolhe. Hoje em dia este desafio cresce em dificuldade porque, a todos estes fatores, se soma a tão aclamada crise, e se ser estudante já significa um grande investimento que muitas vezes mal chega para cumprir o propósito, conseguir dinheiro para viajar é, para muitos de nós, utopia.

[pullquote]O segredo para uma pausa restabelecedora está, sem dúvida, no planeamento inteligente [/pullquote]No entanto também é verdade que as opções low cost têm alcançado cada vez mais expressão e, atualmente, há uma enorme variedade de soluções que permitem viajar muito sem gastar assim tanto. Além disso dispomos de um belíssimo país, pequenino mas recheado de lugares interessantes a visitar, circuitos e rotas desenhadas pela natureza que exigem ser exploradas.

O segredo para uma pausa restabelecedora está, sem dúvida, no planeamento inteligente da viagem. Seguem-se algumas ideias que te podem ajudar![hr]

O MUNDO INTEIRO… PARA ONDE IR?

Na hora de escolher o destino existem pelo menos duas formas de poupar que podem influenciar a decisão: no bilhete do transporte que nos leve até lá, ou no custo de vida do lugar em questão. Assim, para quem não pode gastar tudo num só voo excluem-se países extraeuropeus além da Europa do Norte, para onde ainda não existem rotas low cost e o custo de vida é muito elevado.

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A Europa de Leste e Central têm das mais belas capitais mundiais, e alia riqueza cultural e natural ao facto de um vulgar café não nos levar à falência. Para a maioria das restantes capitais existem os voos low cost, sendo por isso uma opção válida porque, apesar de serem cidades tradicionalmente mais caras, o que se poupa na deslocação compensa alguns excessos.

Todas as informações úteis para escolher um destino com base no preço do voo estão disponíveis nas plataformas online das companhias aéreas, e em sites como o e-dreams.com que permite, inclusive, procurar o voo mais barato possível a partir de Portugal para qualquer destino. Para conhecer o valor da moeda num determinado país pode sempre consultar-se o Big Mac Index, conceito criado pelo The Economist e que usa o preço do tradicional hambúrguer para saber se a moeda é sub ou sobrevalorizada relativamente ao dólar.

Por fim, ter em mente que Portugal não se esgota na cidade de Lisboa, e que, apesar de as fronteiras não o favorecerem em termos de dimensão, a sua geografia e fortuna histórica contribuem[pullquote align=”right”]Portugal é uma opção que, incontestavelmente, ajuda a economia – individual e nacional.[/pullquote] para uma riqueza e diversidade que, muitas vezes, nos passa ao lado. Assim, por que não apostar no produto nacional em bruto? Consumir as nossas paisagens, monumentos e história, que impregnam cidades e aldeias, e se fazem marcar na arquitetura própria de cada lugar, nos sotaques, nos costumes de múltiplas facetas. Portugal é uma opção que, incontestavelmente, ajuda a economia – individual e nacional.[hr]

DE AVIÃO OU DE COMBOIO?

Viajar de avião em low cost é, em regra, um “fenómeno” sujeito às suas próprias idiossincrasias: a marcação com bastante antecedência é fulcral, e o preço de uma reserva pode mesmo triplicar no espaço de um dia, pelo que os utilizadores estão sujeitos a datas (e horas) próprias para viajar “em saldo”; além disso, não é permitido transportar bagagem no porão sem um custo adicional que, por vezes, pode superar o preço acordado durante a marcação, tornando imprescindível viajar com o mínimo; por fim, lembrar que os cancelamentos são sujeitos a coima – basta um ligeiro descuido para o barato sair (muito) caro.

As companhias que em Portugal operam nesta modalidade são descritas no blog Air Low Cost Info. A TAP, que não é low cost, tem a modalidade discount, em que o utilizador pode viajar a um menor preço para determinados destinos desde que se sujeite a algumas condições aquando a reserva, mais flexíveis do que as das tradicionais companhias low cost.

Pocket Money 6O interrail, modelo de viagem bastante conhecido entre os jovens, possibilita, através da viagem de comboio, que o destino se multiplique pelo número de países que o passe estipule, acrescentando uma grande dose de aventura à viagem pela dimensão que a palavra “improviso” adquire. Fazer um interrail tem a vantagem de se poder aproveitar o tempo de viagem propriamente dita para dormir, poupando no alojamento – alguns comboios têm camas indicadas para este fim; porém, o conforto é posto de parte: é necessário adequar o corpo às circunstâncias… A informação sobre esta forma de viajar está disponível no site da CP, ou nas estações. Ainda assim, a plataforma interrail.com não deixa de ser a melhor para a programar.

Também dentro deste conceito, existe o intrarrail, que combina, necessariamente, com uma viagem suplementar para o país selecionado; posteriormente, é no comboio que se faz a descoberta do mesmo, praticamente de ponta a ponta. O intrarrail versão portuguesa é um excelente meio para quem pretende conhecer uma determinada zona de Portugal: há quatro disponíveis, nas modalidades de 3 ou 10 dias, com alojamento incluído em Pousadas da Juventude. O preço deste passe varia entre 50 a 100 euros.[hr]

ONDE FICAR?

O booking.com permite a pesquisa de alojamento em todo o mundo. Condensa em si uma série de funções: pesquisa básica de todo o tipo de instalações hoteleiras para cada cidade, possibilidade de escolher entre um hotel, um hostel, etc, e reserva direta dos quartos, conferindo descontos exclusivos a quem usa o site para este fim. No fundo faz o trabalho de uma agência de viagens, mas gratuitamente. Ao funcionar como rede social os comentários são partilhados entre quem já esteve alojado em dado local e quem faz a pesquisa, possibilitando uma escolha relativamente fundamentada. O e-dreams.com presta o mesmo serviço, além da já referida possibilidade de reservar a melhor viagem de avião.

Pocket Money 2Os hostels são a nova tendência da hotelaria, e já são um meeting point de jovens turistas. São pequenos hotéis que ganham pelo facto de serem práticos – várias pessoas podem dormir na mesma camarata –, perdendo, todavia, no conforto.

Em Portugal as Pousadas da Juventude são uma alternativa, embora gradualmente tenham vindo a ceder lugar aos hostels. Estão também espalhadas um pouco por toda a Europa e têm a vantagem de serem especialmente dirigidas a jovens.

Para os mais destemidos o Couch Surfing é, indubitavelmente, a opção mais em conta: é grátis. O conceito é simples – as pessoas da cidade hospedeira oferecem aos forasteiros o seu sofá ou cama e, em troca, a possibilidade de o forasteiro, hospedeiro na sua cidade natal, ter também cama ou sofá para quem vier. O site couchsurfing.org é bastante viável e, à semelhança do booking.com, tem os testemunhos de milhares de pessoas que já experimentaram, funcionando como base de dados para as casas disponíveis.

Além disso, se a viagem for cá dentro, lembrar que na faculdade param pessoas de todo o país: em algum sítio poderá haver um amigo que nos hospede – um tipo de couchsurfing nacional, em que o hospedeiro é conhecido.[hr]

O QUE FAZER?

Para saber o que fazer, nada mais útil do que consultar um bom guia, atualizado, como os da American Express e da Time Out (mais caros), ou da Editorial Estampa (mais em conta); outros existem: Lonely Planet (com informação muito útil acerca de Portugal) e Wallpaper.

Muitas cidades da Europa já têm um site próprio para fornecimento de informação diversificada aos turistas – indicações sobre museus, jardins, monumentos vários, espetáculos; sobre os transportes, há separadores que disponibilizam informação sobre cada opção, como o preço dos bilhetes, a possibilidade de se adquirirem passes combinados por determinado período de tempo, entre outras.

Pocket Money 4É importante delinear o que fazer durante os dias que se passam em determinado lugar e saber de antemão o percurso desejado, de maneira a selecionar os transportes e a gerir os recursos disponíveis.

Dentro de Portugal, sugerimos alguns roteiros agora em florescimento: a Rota Vicentina, percurso pedestre que vai de Santiago do Cacém ao Cabo de São Vicente; as Aldeias de Xisto, com trilhos a descobrir e rotas sugeridas; a Grande Rota Sintra e Cascais, recheada de percursos pedestres e automóveis, pontos de interesse e visitas guiadas; a Serra da Arrábida, que pode ser explorada não só pelos já mencionados percursos, mas também pela prática de desportos de aventura: escalada na Fenda da Arrábida, canoagem no Portinho, mergulho na Anixa – atividades promovidas por empresas especializadas; enfim, alguns minutos de exploração do site do Turismo de Portugal bastam para encontrar inúmeros programas, destinos e experiências.

O repto está lançado: aproveita alguns dias livres e vai!, que a viagem é um motor ótimo para retomar a rotina e mergulhar de cabeça fresca em tudo aquilo a que um estudante de medicina tem direito: estudo, stress e muito trabalho. Como vês, a crise não é desculpa, basta alguma ginástica e dedicação ao propósito.

[toggle title=”A MINHA PROPOSTA: MADRID”]

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Ana Luísa tem 22 anos e frequenta o 5º ano da FCM-NOVA, desde setembro de 2010. É natural de Caldas da Rainha, mas foi na vila da Benedita que completou o ensino secundário. Hoje, além de estudante de Medicina, é voluntária na Liga Portuguesa Contra o Cancro e Editora-geral da FRONTAL, onde já foi colaboradora e editora da secção de Cultura da revista (Para Inspirar) e do site. Fez parte da comissão organizadora do iMed Lisbon 2014 e interessa-se por viagens em geral - reais e irreais - além de tantas outras áreas diversas em particular, o que sempre levantou dilemas na hora de decidir o que fazer no futuro; o Ser Humano no seu todo é, contudo, o grande interesse que poderá sumarizar os restantes - o Cérebro, a Literatura, a Filosofia, a Natureza – e justificar a sua atual escolha.

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