Surf, segundo Miguel Mata

 Miguel Mata é aluno do 4º ano da FCM-NOVA. Nos tempos livres pratica Surf, uma actividade que será explorada na seguinte entrevista.

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Olá Miguel! Fala-nos do surf, resumidamente no que é que consiste?

Olá Alexei! Bem, resumidamente posso-te dar duas versões: a primeira, puramente simplista e objectiva, o surf consiste num desporto em que se “cavalga ondas” em pé em cima de uma prancha.

A segunda versão, que traduz a verdadeira acepção do surf, é a de que inclui, para além da componente desportiva, que é muito mais extensa que do que descrevi, porque inclui pensares em décimas de segundos e viveres uns poucos segundos num exponencial máximo, também uma forma de estar na vida. A procura eterna da onda perfeita, da melhor praia, das melhores condições. O ver tanto o nascer-da-sol como o pôr-do-sol de dentro de água no mesmo dia, o ir surfar no frio mais gélido e nas condições mais inóspitas, o respeito pelo mar e o entendimento de que na realidade somos insignificantes fazem-te desenvolver uma relação com a Natureza fenomenal e aprendes realmente a viver no momento, no instante em que estás na onda. Naquele pequeno instante só existes tu e a onda, mais nada, e isso faz-te encarar a vida de outra maneira. E isso faz-te ficar com a cabeça vazia, limpa-te todos os stresses e preocupações que carregas. Por muito cliché que seja a verdade é que “Only a Surfer knows the feeling”

Como é que começaste a praticar? O que é te motivou para isso?

A primeira vez que surfei foi com 3 anos, mas comecei a surfar a sério por volta dos 9, fi-lo por influência do meu pai, que faz surf há 37 anos! Experimentei, comecei a surfar a sério e nunca mais deixei.

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Com que frequência é que costumas surfar? Ao que é que se assemelha um “treino” de surf?

Tento surfar sempre que posso mas sendo o surf um desporto que depende das condições marítimas não se pode propriamente falar de uma frequência de surfadas, e com a faculdade e as aulas sendo o que são nem sempre é fácil conjugar tudo.

Em relação a um treino de surf normalmente um surfista profissional ou que tenha treinador faz tanto treino de ginásio como treinos de surf. Esses treinos de surf consistem normalmente em surfadas com tempo limitado em que o treinador filma o surfista de forma a que a posteriori lhe dê instruções sobre que aspectos corrigir. No meu caso, na vertente de freesurfer, não tenho treinos de surf, quando vou surfar faço o surf que quero durante o tempo que quero, se bem que naturalmente é bom receber “dicas” sobre o que fazer! Seja de amigos ou de outros surfistas mais experientes!

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Surfar interfere com as tuas actividades académicas?

Eu diria que são mais as actividades académicas que interferem com o surf. Apesar de ser possível coordenar as coisas, nalgumas alturas, e dependendo da fase do curso, temos que optar, e com isso por vezes o surf sai prejudicado. Quando realmente surfo isso interfere com as actividades académicas, mas de forma positiva. Como disse o surf limpa-nos a mente e isso é uma coisa que é essencial a um bom rendimento de trabalho e estudo.

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Onde é que costumas surfar? Surfas mais durante o verão ou inverno?

Surfo na minha “praia”, os Coxos, na Ericeira. Também surfo nos outros spots da Ericeira, mas foi nos Coxos que cresci, desde que nasci que ia lá, primeiro para ver o meu pai surfar e depois para lá surfar eu. E muito mais no Inverno, no Verão não há praticamente ondas comparado com o Inverno.

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Já participaste em competições de surf? O que é que nos podes dizer acerca dessas competições? Como é que o júri aprecia o melhor surfista?

Já participei sim! Comecei por participar em Surf Meetings e no Campeonato do Ericeira Surf Clube e quando entrei na faculdade participei no Campeonato Universitário de Surf.

Apesar de nunca me ter interessado por aí além pela vertente competitiva do surf, tendo estado sempre mais interessado na vertente do freesurf tenho de admitir que os campeonatos de surf têm um “quê” de especial, a adrenalina a bombar e o stress de surfares o melhor possível, de escolher bem as ondas e de te superiorizares aos teus adversários são sensações completamente diferentes da tranquilidade de uma surfada normal. Uma competição de surf é composta por heats ou baterias de uma duração variável mas que normalmente é de 20 ou de 30 minutos em que 2 a 4 surfistas surfam uns contra os outros. As ondas que surfarem no heat (que têm um limite máximo) são pontuadas de 0 a 10 e no final as duas melhores ondas de cada surfista somam-se para obter o seu score. Em relação à avaliação das ondas o surfista que executar com controlo manobras radicais nas secções mais críticas da onda, com velocidade, força e fluidez maximiza a sua pontuação. A valorização de cada tipo de manobra pode depender do campeonato, e são ainda avaliadas a diversidade de manobras, o tipo em si de manobras (surf progressivo é valorizado). Sumarizando o risco e o empenho são recompensados!

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Aqui em Lisboa quais são os melhores sítios para surfar?

A zona de Lisboa é uma zona muito rica em bons spots de Surf, toda a linha de Cascais, desde o Guincho a Santo Amaro, passando por Carcavelos e S. Pedro, bem como a zona da Costa da Caparica são sítios óptimos para surfar, o melhor sítio vai depender das condições do mar e vento no dia em questão!

Tens dicas para principiantes no surf? Que prancha deviam comprar ou que fato. Vale a pena ter aulas de surf antes de surfar por conta própria? Quantas é que tu dirias é que são o mínimo essencial?

Para quem queira começar a fazer surf diria que não hesitem, é um desporto fantástico que nos beneficia não só física, mas também mental e emocionalmente. Mas atenção, não é de todo um desporto fácil de aprender e requer alguma persistência! Em relação a começar na prática, diria para terem uma ou duas aulas para aprender os básicos, seja em escolas de surf, que não faltam por aí, seja com amigos e depois disso façam-se ao mar! Ao princípio não vale a pena comprar o melhor fato, mas convém comprar um fato quente e confortável, já no que diz respeito à prancha o melhor será comprar uma prancha (de preferência grande) em 2ª, 3ª ou 4ª mão (se já não estiverem a ter aulas). À medida que forem progredindo vão perceber como as coisas funcionam e poder tomar decisões sozinhos, mas o surf é um deporto óptimo para fazer amigos e fazer com amigos portanto peçam sempre conselhos a quem mais sabe! E apesar de ser um desporto individual é muito melhor quando feito com amigos!

Boas ondas! 😉

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Obrigado Miguel!

 Miguel Mata, estudante do 4º ano da FCM-NOVA e praticante de Surf, um desporto que envolve muito mais do que simplesmente “cavalgar ondas”. Surfou pela primeira vez aos 3 anos, por influência do seu pai, desde então nunca mais deixou. Costuma apanhar as ondas na praia “Os Coxos”, em Ericeira, especialmente no Inverno, quando há as ondas maiores. Concilia sinergicamente a prática do Surf com a sua vida académica, afinal “o surf limpa-nos a mente e isso é uma coisa que é essencial a um bom rendimento de trabalho e estudo.” Apesar de se considerar um “freesurfer”,  já participou em algumas competições, nomeadamente nos Surf Meetings, no Campeonato do Ericeira Surf Clube e no Campeonato Universitário de Surf. Conta-nos que nestas competições avalia-se a capacidade de controlo de manobras radicais, quando maior a velocidade, a  força e a fluidez, melhor a classificação. Menciona que não faltam sítios para surfar cá em Lisboa, desde o Guincho a Santo Amaro e ainda na Costa da Caparica, desde que se verifique com antecedências as condições meteorológicas. Recomenda aos principiantes que tirem uma ou duas aulas de Surf para aprenderem o básico antes de se lançarem às ondas e deseja a todos umas boas surfadas!

 

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Alexei Buruian, aluno do 4º ano na FCM-NOVA. Nasci na Moldávia e vim para Portugal em 2002, em 2010 ingresso no Ensino Superior. Atualmente sou colaborador do departamento Desportivo da AEFCML e da revista FRONTAL. Um grande agradecimento meu aos atletas que se disponibilizaram para fazer os artigos, foi um privilégio entrevistar-vos :) Estamos sempre à procura de atletas a quem possamos entrevistar! Se praticas alguma modalidade desportiva, especialmente uma que ainda não conste nos artigos disponíveis, então contacta-nos para desportivo@ae.fcm.unl.pt e partilha a tua história com a faculdade!

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