Existem muitas doenças que já fazem parte do dia a dia dos especialistas médicos. A FRONTAL foi explorar o mundo da Medicina Bizarra e descobriu as doenças mais excêntricas de sempre – o síndrome do lobisomem, a doença dos vampiros e a insensibilidade congénita à dor com anidrose.
Síndrome do lobisomem – Hipertricose
Algumas doenças são mais fáceis de diagnosticar do que outras. Tomemos o exemplo da hipertricose, que pode ser diagnosticada logo que o doente entra na sala de espera do médico. Como? Através da presença de cabelo nas bochechas, na testa e/ou nas mãos. Deste modo, pode-se concluir que a hipertricose é caracterizada pela sobreprodução de cabelo em qualquer parte do corpo – algumas pessoas são afetadas de cabeça aos pés, enquanto outras experimentam apenas em certas áreas do seu corpo.
Quando presente ao nascimento, a hipertricose é o resultado do crescimento contínuo do cabelo fino e macio que cobre o feto. Porém, mais frequentemente, esta desenvolve-se devido a outros fatores para além da genética, como é o caso da reação do organismo a certos fármacos ou esteroides anabólicos. Certas doenças e condições, tais como o VIH em fase avançada ou o desequilíbrio hormonal, também podem resultar em padrões de crescimento de cabelo invulgares da hipertricose. Excluindo a causa genética, as causas subjacentes, geralmente, podem ser tratadas. Em relação ao cabelo, disponibilizam-se as mesmas opções utilizadas para se livrar dos pelos indesejáveis: depilação, barbeação e eletrólise.
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Porfiria – A doença dos vampiros
A revelação de um grupo raro de doenças genéticas tem marcado injustamente os doentes com o termo de “vampiro”. No séc. XIX considerava-se que a ingestão de sangue poderia remediar a falta de heme destes indivíduos e melhorar a sua sintomatologia – o que explica melhor a designação de vampiro. Estes apresentam-se extremamente sensíveis à luz solar, daí poderem facilmente sofrer queimaduras e escoriações, optando pela escuridão. A urina pode revelar uma cor vermelha-púrpura, pensando-se erradamente que esta teria resultado da ingestão do sangue. Outras características da porfiria são o aumento da pilosidade, assim como o escurecimento e espessamento da pele. Quando esta última se manifesta em torno dos sulcos labiais, os dentes caninos parecem estar mais proeminentes. Este grupo de doenças também pode provocar a depressão com a presença de comportamentos peculiares – explicando, por exemplo, a insanidade do Rei Jorge III de Inglaterra. Também já se constatou que um dos fatores de agravamento é a dieta rica em alho.
A porfiria é um grupo de perturbações provocadas por deficiências dos enzimas implicados na síntese do heme. Oito enzimas diferentes intervêm nas etapas da síntese do heme. Quando um enzima da produção do heme é deficiente, os precursores químicos deste podem-se acumular nos tecidos (especialmente na medula óssea ou no fígado). Estes precursores, que incluem o ácido delta-aminolevulínico, o porfobilinogénio e as porfirinas, são excretados na urina ou nas fezes.
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Insensibilidade congénita à dor com anidrose – CIPA
Da próxima vez que bater com o pé, fique grato por ser capaz de sentir a dor. As pessoas com CIPA apresentam uma doença congénita caracterizada pela ausência da dor, do frio e do quente como resultado de uma perda severa da perceção sensorial, contudo os doentes podem sentir a pressão. Além disso, os indivíduos são impossibilitados de transpirar, e consequentemente, a temperatura corporal pode aumentar sem estes estarem cientes da mesma. Contudo, é de salientar que esta incapacidade de sentir dor física não se estende à dor emocional.
Muitas vezes os doentes magoam-se sem dar por isso, especialmente quando a condição está presente desde o nascimento, e os bebés não se apercebem que se estão a lesionar. Uma ação simples como esfregar os olhos ou mastigar gomas pode levar a infeções graves e cicatrizes. A esperança média de vida dos doentes com CIPA não ultrapassa os 25 anos, devido maioritariamente às complicações causadas pelo sobreaquecimento corporal.