O conhecimento é uma escalada. Um contacto cognitivo com a realidade; quer empírico, quer a priori, é uma relação estabelecida em várias frentes entre o sujeito e o que o rodeia. Também é um confronto – de ideias e ideais. Algures, pelo meio, a noção de Ciência foi aparecendo. Parece pesado? A Fundação Champalimaud mostra que não, e contrapõe: a Ciência pode ser leve – leve como o ar – e perfeitamente respirável.
Quando no seu testamento António de Sommer Champalimaud lega milhões de euros à criação de uma fundação para a investigação biomédica, não se imaginava que um edifício como o que hoje encontramos na foz do Tejo pudesse ter lugar, sumarizando, em jeito de materialização arquitectónica, os mais altos valores científicos e humanos sobre os quais a Fundação Champalimaud foi instituída: visão, determinação, criatividade e liderança. Actualmente, é já largamente reconhecida pelo seu trabalho de investigação de ponta nas Ciências Médicas, nas áreas de neurociência e oncologia, em particular.
No entanto, o que torna o “Champalimaud Centre for the Unknown” distinto é verdadeiramente o facto de não se limitar a ser só mais um agregado de laboratórios onde Ciência pode ser produzida e trabalhada: é um espaço feito de pormenores reveladores dos valores já mencionados, e onde se decreta o mais absoluto desejo de chegar longe, de chegar, como há muitos anos se fez a partir de Portugal, ao Mundo, num embosque por outros Impérios.
Neste contexto – dos pormenores, dos valores, da ambição – surgem as Conferências Ar, uma ponte entre os investigadores e estudantes de doutoramento do Programa Champalimaud para as Neurociências e o público geral.
O objectivo consiste em mostrar de que modo a ciência influencia a vida de cada um, individual e comunitariamente, e tornar o contacto e a percepção de conhecimento mais simples. Já o método passa pela existência de eventos mensais que podem incluir debates, apresentações artísticas, tertúlias e, entre tudo isto, conexões com ideias e explicações científicas.
A participação apenas exige inscrição prévia através da página web, após criação de uma conta; ainda na página, pode aceder-se a vídeos e fotos de sessões passadas, e ler a magazine própria, que contém informação diversificada sobre o que está a acontecer de novo no plano científico mundial (sempre tendo como mote a originalidade/criatividade das investigações), assim como fóruns e debates.
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A próxima conferência será sobre Storytelling, no dia 22 de Maio, às 21h, no Aditorium do Centro, em Belém. A discussão incidirá sobre as razões que levam o ser humano a criar e contar histórias, questionando o porquê de constantemente necessitarmos de o fazer. Contará com a presença de Jonathan Gottschall, Professor de Inglês e investigador das interacções entre humanidade, arte e ciência; Hélia Correia, escritora portuguesa que recentemente ganhou o Prémio Literário Correntes d’Escrita/Casino da Póvoa, com a obra de poesia A Terceira Miséria; e Anna Hobbiss, estudante de Doutoramento do Programa de Neurociências, integrada num projecto sobre Estrutura e Função Neuronal.
Ideal para quem gosta de histórias, ideal para quem gosta de neurociência, e ainda melhor para quem deseja descobrir a conexão entre ambas. O convite está feito.