Contra o medo da bata branca: o Hospital da Bonecada!

Era uma vez um rapazinho chamado João. E era uma vez um ursinho chamado Pedro, que era o companheiro de brincadeiras do João. Como era muito guloso, o Pedro comia muitos chocolates e, um dia, ficou cheio de dores de barriga… O João, muito preocupado com o seu amigo, decidiu levá-lo ao hospital, mas o Pedro tinha muito medo de médicos. Foi então que decidiram ir a um hospital muito especial: o Hospital da Bonecada!

E nem o Pedro, nem o João, voltaram a ter medo de médicos.

O Hospital da Bonecada

Criado pela AEFCM, em 2001, o Hospital da Bonecada tem como função eliminar o medo da “bata branca”. As crianças levam os seus brinquedos preferidos, na forma de filhos ou amigos, ao hospital, para serem tratados. Ao interagirem com os profissionais de saúde num ambiente amigável, divertido e muito saudável, as crianças consciencializam-se que os médicos são, na verdade, seus amigos, e que querem ajudá-las. O Hospital da Bonecada adopta uma infraestrutura semelhante à de um hospital “a sério”, de forma a que as crianças conheçam os elementos participantes de um hospital e se tornem familiarizadas com o que nele é feito.

O contacto interactivo e divertido com profissionais de saúde, de bata, que lhes mostram que ir ao médico “não dói”, torna-se numa memória importante na aprendizagem das crianças.

Neste Hospital participam estudantes de Medicina, Medicina Dentária, Enfermagem, Farmácia, Educação e Nutrição, permitindo que a criança conheça todos os profissionais participantes num hospital. Este projecto é vocacionado para crianças de idades compreendidas entre os 3 e os 10 anos. No ano lectivo de 2006/2007, esta iniciativa recebeu o Prémio Hospital do Futuro, concedido pela Sociedade Portuguesa de Pediatria.

O Hospital da Bonecada decorre do dia 27 de Abril ao dia 4 de Maio, no piso 0, na Praça dos Navegantes, do Centro Comercial Colombo.

[toggle title=”Mais informações”]
  • http://hospitalbonecada.wix.com/hospitalbonecada#!home/about
  • https://www.facebook.com/pages/Hospital-da-Bonecada/
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Os consultórios Médicos, acolhedores e com todo o material necessário, a cargo de AEFCML
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O Ginásio de Fisioterapia, a cargo de ESTeSL Fisioterapia
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O Bloco Operatório, sítio muito limpo e, por isso mesmo, fechado, para evitar o risco de infeções, a cargo da AEFCML e da AEESSCVP
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O Consultório Dentista, com uma cadeira real de dentista, a cargo de NEMD – EGAS MONIZ
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Tenho medo de ir ao médico

A frase Tenho medo de ir ao médico é-nos sobejamente familiar, e válida tanto para miúdos como para graúdos. O medo da bata branca leva tanto crianças como adultos a ocultarem ou menosprezarem os seus sintomas, ignorando situações que podem ter grande significado médico. E o medo das crianças? Terá vindo de algum mau encontro anterior? De uma história contada no recreio? Por alguma conversa “de adultos”? Sabemos que os adultos têm medo da dor e, em última instância, da morte. Farão as crianças uma associação tão rápida que lhes permita associar os cuidados de saúde a um destino tao fatal?

Os hospitais e centros de saúde apresentam um ambiente que é encarado pelas crianças como hostil, por ser tão diferente do seu ambiente normal. Ajudado por uma série de experiências passadas (internamentos, vacinas, etc.), as crianças constroem uma imagem negativa dos cuidados de saúde e de quem os pratica, passando a evitá-los ao máximo. Isto constitui também um entrave para os profissionais de saúde, uma vez que certos tratamentos inócuos são seriamente dificultados pelo medo exacerbado das crianças.

Sendo as crianças uma faixa etária tão vulnerável, cabe a todos os profissionais de saúde tentar ao máximo melhorar a experiência da vinda ao hospital, para que a criança não associe tão facilmente “o médico” a “bicho-papão”. É consensual em várias Associações de Pediatras que as crianças devem ser informadas, tanto quanto a sua idade lhes permita, do que lhe vai ser feito, tendo sempre uma imagem de conforto presente, seja da parte de familiares ou de cuidadores. O reforço positivo deve ser uma máxima nas consultas médicas e há que, sobretudo, incentivar os pedidos de ajuda e a participação da criança. Tendo em conta restrições orçamentais, a criação de um cenários menos hostis para as crianças é quase impossível, exceptuando em unidades especializadas de pediatria, restando única e exclusivamente aos prestadores de cuidados de saúde criar condições de conforto para a criança. A mudança para um ambiente mais confortável e semelhante ao de casa geraria confiança da parte da criança no procedimento que lhe irá ser feito e, eventualmente, distrai-la-ia do problema que a trouxe ao hospital.

A abolição do medo das crianças e jovens do contacto com profissionais de saúde não é incentivada apenas pelo bem-estar no momento – vários estudos indicam que, em qualquer faixa etária, uma tensão arterial mantida em valores elevados é prejudicial no desenvolvimento orgânico e acarreta uma maior possibilidade de vir a desenvolver hipertensão arterial numa fase posterior.

É por isso que iniciativas como o Hospital da Bonecada são tão extraordinariamente importantes – para que os miúdos se tornem graúdos saudáveis.

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Idealmente, todas as máquinas de tomografia computorizada deveriam ser adaptadas para uso em idades mais jovens. (imagem da máquina de tomografia computorizada do New York-Presbyterian Morgan Stanley Children’s Hospital, retirada de link)

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[tabs] [tab title=”Mais Bibliografia”]

Walco, G. Needle Pain in Children: Contextual Factors. PEDIATRICS Vol. 122 No. Supplement 3 November 1, 2008 pp. S125 -S129

Salmela, M. Coping with hospital-related fears: experiences of pre-school-aged children. J Adv Nurs. 2010 Jun;66(6):1222-31

Panda, A. et al. Children’s perspective on the dentist’s attire. Int J Paediatr Dent. 2014 Mar;24(2):98-103. doi: 10.1111/ipd.12032. Epub 2013 Apr 18.

Marques da Silva, P. Efeito de Bata Branca: Uma Nova Reavaliação ou uma Variação de um Tema que Persiste sem Resposta. Rev Port Cardiol 2002;21 (5):533-538

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Joana Moniz Dionísio é uma aluna do 5º ano de Medicina na FCM-NOVA. Apesar de ter nascido em Lisboa, viveu durante toda a sua vida em Alcobaça, até regressar novamente à capital para ingressar no ensino superior. Vem de uma zona conhecida pela sua doçaria conventual, mas as suas paixões e hobbies ignoram por completo a culinária, indo desde a Medicina, Literatura e História Universal até temas como a Cultura Oriental e Música Clássica. É colaboradora da revista FRONTAL desde Março de 2013 e foi no também nos idos de Março do ano seguinte que se tornou editora da secção Cultura. Desde Novembro de 2014 que assegura a função de Editora-Geral da FRONTAL. A autora opta pelo Antigo Acordo Ortográfico.

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