“Hollywood está a ficar sem ideias, vem ao IndieLisboa ver algo novo” – este é o mote que, para assinalar o seu 10º aniversário, a organização do IndieLisboa arranjou. Durante 11 dias, o festival de cinema decorre, a intervalos de um ano, em Lisboa. Por ocasião desta data, a FRONTAL foi conhecer as raízes do Indie.
O festival começou por ser, na verdade, um pequeno projeto promovido por uma organização cultural independente, a Zero em Comportamento; o projeto consistia em manter uma programação diária de cinema independente numa sala também fora do roteiro comercial. Durante três anos, a história do Indie resumiu-se a uma reunião e exibição de filmes que não se conseguiam encontrar em salas tradicionais, apresentando assim uma programação semanal com opções diárias.
A programação foi sendo desenvolvida até que começou, cada vez mais, a surgir a vontade de transformar o projeto em algo maior e encontrar um espaço mais adequado para a exibição dos filmes que então dispunham. Em 2004 nasce, deste modo, a necessidade de criar uma oferta mais vasta e de alargar o conceito idealizado.
Na altura em que o Indie surgiu na forma de festival, a oferta de festivais de cinema não era desta dimensão: havia o Queer, a Monstra, enfim, festivais temáticos, mas nenhum que fizesse de facto uma oferta de cinema independente generalista, ou seja, que não fosse um cinema documental, que não fosse um cinema de temática gay e lésbica, que não fosse italiano ou francês. Havia, portanto, uma falha em termos de cinema independente genérico, em que se pudessem ver curtas e longas metragens de animação, ficção, documentário, sem sair do mesmo festival.
A Zero em Comportamento foi uma das grandes responsáveis pelo desenvolvimento do conceito de festival do IndieLisboa, na medida em que a sua vasta experiência de programação ajudou a conceber a organização da semana. Mais pessoas foram entrando no desafio, várias foram convidadas para candidatarem os seus filmes e nasceu, desta maneira, uma equipa que a cada ano é maior.
E foi assim que tudo começou no São Jorge, com uma equipa muito reduzida, alguns prémios e uma vontade de tal modo forte de repetir a experiência, que seis meses dedois o Indie estava de volta a Lisboa. Foi o único ano em que se fizeram duas edições com menos de doze meses de intervalo. O público ficou satisfeito, houve uma grande adesão e a sala, a cada sessão, encheu.
Hoje, o Indie mantém uma programação bastante coesa e, apesar da crise, nunca reduziu o número de filmes em festival – uma média de 200 a 300. O esforço tem sido realmente esse, o de fazer com que o festival cresça em termos de público e de consistência.
Mas o IndieLisboa não é só cinema, é também música, ilustração, uma variedade de temáticas imensa, um desejo constante de satisfazer mais pessoas e de criar programação específica para diversas categorias de público. Foi o caso do Indie Júnior, que pareceu na segunda edição devido à necessidade emergente de criar uma programção específica infantil, do Indie Music, e dos Novíssimos, um concurso para novos realizadores que estão a tentar fazer um trabalho por vezes amador, devido aos poucos meios que têm, mas que é, ainda assim, válido e que merece ser visto para que, quiçá no ano seguinte, possam estes realizadores estar em competição também.
O Indie Lisboa decorre até domingo, dia 28 de abril. A programação pode ser vista aqui.