“Uma fábrica de cérebros”, a NOVA Medical School

Foi na passada terça-feira (4 de junho) à tarde que se deu a inauguração oficial dos novos edifícios da Faculdade de Ciências Médicas. Mas eis que o reboliço começa de manhã com a notícia do re-baptismo desta instituição na NOVA Medical School.

A FRONTAL esteve presente, como não podia deixar de ser, e deixa a todos os estudantes que não tiveram a oportunidade de comparecer os detalhes do acontecimento.

Antes de mais: ainda não sabes a cor de cada novo edifício? Talvez seja melhor reveres o artigo da Revista FRONTAL, Os Novos Pilares da FCM.

FCM Calcada entre os edificios bordo e amarelo Vista Oeste

O novo complexo de edifícios resultantes do restauro do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, juntamente com o edifício da velhinha Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, formam a partir de agora o Campus de Santana. Na sua inauguração oficial estiveram presentes ilustres convidados. Alguns incluídos na “prata da casa”: professores, funcionários, investigadores e ainda o próprio Reitor da Universidade NOVA (e ex-Diretor da FCM-NOVA), o Professor Dr. António Rendas. Outros, também ilustres, como o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, representantes de múltiplas instituições de peso na área das Ciências da Vida em Portugal, e ainda a Secretária de Estado da Ciência, Leonor Parreira, e o Ministro da Saúde, Paulo Macedo.

Cabe ao Professor Dr. Caldas de Almeida a honra da abertura oficial do novo complexo. Dá destaque ao avanço na vertente pedagógica e de investigação & desenvolvimento que este acontecimento significa. No seu discurso destaca sumariamente os feitos da sua Direção nos últimos anos. O CEDOC, Centro de Estudo de Doenças Crónicas, é claramente um dos projetos de que mais se orgulha. O financiamento em I&D desta instituição – associada à FCM-NOVA e ao Instituto Gulbenkian Ciência – aumentou em apenas 3 anos (de 2009 a 2013) de 1,000 para 2,500 milhões de euros. Recordamos que dois dos três novos edifícios serão dedicados precisamente a I&D, apostando em parcerias proveitosas com a sociedade civil e com empresas da área da biomedicina e biotecnologia. Orgulhoso está também no investimento em Saúde Mental: “Somos o primeiro centro do mundo na formação de líderes em Saúde Mental”, afirma. Reitera, insistentemente, na necessidade da associação do ensino médico da FCM-NOVA a um “hospital-âncora”, uma vez que os Centros Hospitalares Central e Ocidental de Lisboa são constituídos por múltiplas instituições dispersas pela cidade de Lisboa. Recorda o Hospital de Todos os Santos (Centro Hospitalar Oriental) e a formação do futuro Centro Médico Universitário de Lisboa neste pólo de futura excelência médica. Porventura uma mensagem ao Ministro da Saúde.

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Este tema é continuado na comunicação do Magnífico Reitor da Universidade NOVA. A falta de um hospital-âncora “mina a capacidade competitiva da Faculdade de Ciências Médicas”, afirma. Mas recorda que a refundação desta escola médica nos edifícios do Instituto Bacteriológico pode ser um sinal para o futuro. Afinal, diz-nos, este era o único pólo de investigação em Lisboa durante todo o século XIX e boa parte do século XX e deixou-nos uma herança importante (nomeadamente na área da infecciologia). Poderá servir de base para o lançamento da FCM-NOVA no campo da I&D a nível nacional e internacional.

Segue-se a Sessão Plenária, dirida por Anne Glover, Chief Scientific Adviser do Presidente da Comissão Europeia. Diz-nos, admirada, que é a primeira inauguração “fora de portas” onde está presente – quem sabe um toque de inveja de uma investigadora escocesa. “Europe created the modern world“, fê-lo e fá-lo através da ciência. Fala-nos do CERN e do Large Hadron Collider, fonte de múltiplas descobertas que têm impulsionado a raça humana, nomeadamente o conhecimento médico. Recorda-nos, por exemplo, que os exames PET têm como base o uso de antimatéria, cujo estudo se iniciou e é aprofundado a cada dia nesta instituição. Finalmente refere a importância da comunicação, da necessidade do cientista (e eventualmente do médico) se expor e de comunicar ao mundo a importância do seu trabalho. “A Ciência também é cultura” e faz parte da nossa herança do mesmo modo que a poesia, a pintura ou a escultura o fazem. Termina com um incentivo: independentemente do tamanho, qualquer país pode ter um enorme impacto no conhecimento científico.

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Seguem-se os representantes do Governo de Portugal. Leonor Parreira traz-nos dados do INE: “em 2050, 80% da população portuguesa será ‘velha’ e possivelmente dependente. A idade média rondará os 50 anos.” Há uma necessidade emergente de apostar na investigação das doenças crónicas e, nesse sentido, o trabalho desenvolvido no CEDOC é fundamental, defende. Destaca também um dado revelador: 40 internos hospitalares da área de Lisboa realizam concomitantemente investigação translacional em associação com o CEDOC  e com a FCM-NOVA.

Diz-nos, de seguida, Paulo Macedo que, fosse o conhecimento científico médio do cidadão português equiparado ao alemão, o crescimento da riqueza nacional seria maior que o resultante de qualquer aumento de exportações ou incremento do  investimento. No que toca à investigação médica, faz referência à multiplicidade e ao multiplicar de prémios incentivadores do mérito nesta área. São exemplos os recém anunciados prémios da Santa Casa da Mesericórdia de Lisboa (aqui) ou os generosos prémios da Fundação Champalimaud. “Há que criar um círculo virtuoso” de mérito e incentivo ao próprio mérito.

Por fim, numa resposta irónica a um comentário prévio termina com uma frase digna de citação: “As pessoas não têm nada de aborrecido em Portugal, estão vivas e a lutar por um país melhor!”

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Abrem já no próximo dia 12 as portas da nova biblioteca da FCM-NOVA… Ou devo antes dizer NOVA Medical School? Ora, uma coisa é certa: a Colina da Saúde, povoada há décadas por corajosos e irredutíveis estudantes e investigadores, will never be the same.

NOVA MEDICAL_p_fundo_branco

Agradecimentos: Torcato Moreira Marques e Agostinho Ladeira, pelas imagens disponibilizadas.

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Ex-aluno da Faculdade de Ciências Médicas, atualmente Interno do Ano Comum, André Ferreira participou na vida académica da sua faculdade tendo sido membro da Direção da AEFCML no mandato 2012/2013, onde foi responsável pelo departamento de Imagem e Comunicação. Participou nas Comissões Organizadoras do iMed Conference 4.0 e 5.0. Foi Diretor da Revista FRONTAL durante o mandato 2012/2013 e responsável por várias áreas de imagem no mandato seguinte.

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