Citius, Altius, Fortius (mais rápido, mais alto, mais forte), o lema dos Jogos Olímpicos criado em 1972 (Munique), concentra em três expressões latinas a essência da competição no desporto, destaca como fundamental o teste à própria natureza do organismo humano, das capacidades inerentes à constituição física, estrutural e mental do Homem.
A ruptura a esta essência não poderia deixar de acontecer, não fossemos nós «pessoas» no inteiro sentido da palavra. Há necessidade de impressionar, de ganhar, de ser melhor que o outro, e assim cai-se na tentação para alcançar essa sensação efémera a qualquer custo.
O doping, definido como o uso de drogas ou de métodos específicos que visam aumentar o desempenho de um atleta durante uma competição, contribui para a deslealdade à tal essência. O recurso a tal técnica tanto pode ser motivada pelo próprio atleta, como pelos treinadores, e por vezes o atleta desconhece o que mete dentro da «máquina».
O controlo é feito através do exame antidoping que consiste na recolha de uma amostra de urina do atleta imediatamente após o fim de uma competição ou através da realização de exames surpresa nos atletas.
As substâncias proibidas são agrupadas, segunda a AMA, nas seguintes categorias:
- Estimulantes: reduzem a fadiga e aumentam a adrenalina.
- Narcóticos: diminuem a sensação de dor.
- Esteróides anabólicos: aumentam a força muscular.
- Diuréticos: usadas para controlar o peso e também para mascarar o próprio doping.
- Betabloqueantes: diminuem a pressão arterial do atleta. São usados em competições de tiro e arco e flecha para manter estáveis as mãos do atleta.
- Péptidos hormonais e análogos: aumentam o volume e a potência dos músculos.
- Doping sanguíneo: auto-transfusão que permite aumentar os níves de transporte de oxigénio aos tecidos.
O recente escândalo que custou os 7 títulos da Volta À França de Lance Armstrong levantou a cortina sobre um desporto aparentemente repleto de uso secreto de eritropoietina humana recombinante (rHuEPO), e imediatamente surgiram estudos, num dos quais pesquisadores holandeses concluiram que é improvável que a EPO tenha muito efeito sobre os atletas de elite que competem a alto nível, como Armstrong. (in KELLY, EPO Doping Offers No Benefit to Athletes, Only Possible Harm, 2012).
De acordo com os autores, esta falta de benefício acompanha-se de alguns efeitos adversos como aumento da pressão sanguínea sistólica, aumento no risco de eventos trombóticos, aumento da viscosidade do sangue, promoção da coagulação, a activação endotelial e a reactividade plaquetária, assim como a infamação, e enfarte cerebral. Obviamente que as questões que se levantam não são passíveis de resposta, ainda, e que o mundo do doping, estará sempre em constante investigação.
Em Portugal verifica-se um longo historial da luta contra a dopagem, a ADOP, tem em[pullquote align=”right”]«A luta contra o doping constitui em si uma luta contra a mente humana (…)»[/pullquote] prática o Programa Nacional Antidopagem (PNA) que consiste numa planificação de periodicidade anual, estabelecida e a aplicar segundo o seu quadro de competências legais; onde são englobadas as acções de controlo de dopagem em competição e as fora de competição, para todas as modalidades desportivas incluídas no Programa Nacional Antidopagem nesse ano. O objectivo é o de planear e implementar uma distribuição isenta e racional de controlos de dopagem.
No entanto, é fácil de perceber que o doping caminha anos à frente do anti-doping.
A luta contra o doping constitui em si uma luta contra a mente humana. É a deslealdade para com o próprio corpo e o próprio orgulho que se deve questionar. Ganhar em igualdade ou em desigualdade? A competição é saudável, é construtora, é enriquecedora, é um desafio à natureza humana.
História do Doping em Portugal: