É com enorme orgulho que vos trazemos a Edição Digital da 51ª Edição da Revista FRONTAL, que contou com o contributo de mais de vinte colaboradores das áreas da Medicina e da Nutrição. Reproduzimos, adicionalmente, uma mensagem da Direção da FRONTAL em comemoração do lançamento desta Edição.
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(Epi)crise
O ano de 2021 trouxe-nos enormes desenvolvimentos científicos na área da Saúde, impulsionados pela necessidade de responder à maior crise de saúde global do último século e pelo espírito criativo que motiva os homens e as mulheres das Ciências a ir um passo mais além na busca do conhecimento. O desenvolvimento e aplicação a larga escala de uma vacina contra o SARS-CoV-2 foi, é, e continuará a ser fundamental, até que a última pessoa seja imunizada, para nos libertar de muitas das amarras da preocupação com o vírus que pareceu parar o planeta nestes meses.
Embora, sim, tenha parecido parar, a vida na Terra continuou. A ameaça de crise sanitária ocupou o lugar cimeiro das nossas preocupações sociais: as medidas de emergência tomadas para batalhar contra ela foram uma resposta transpartidária que tentou, com base na evidência científica e nas necessidades dos sistemas de saúde, atenuar os problemas desta. Mas as outras crises não cederam nem pararam o seu progresso durante a quarentena. Algumas, até, como o burnout (nos profissionais de saúde exaustos, nos trabalhadores da linha da frente e não só), ou a deterioração da saúde mental, continuaram a piorar com a quebra dos laços sociais que nos tentavam manter à tona.
Além do plano individual, também socialmente se fizeram sentir, pelos piores motivos, os problemas económicos e financeiros, abalando o mercado de trabalho e deteriorando as condições de vida de milhões por todo o mundo; problemas de discriminação étnica, de género e de sexo, com inúmeras vozes a levantar-se contra o tratamento sistematicamente injusto que é prestado a pessoas que ousam ser quem verdadeiramente são; problemas ambientais, com o continuar da lenta marcha poluente da espécie humana a repercutir-se em eventos climatéricos cada vez mais extremos, até, potencialmente, em problemas para a saúde Humana; problemas geopolíticos, guerras, conflitos cujas consequências a Medicina Humanitária tenta mitigar, muitas vezes sem recursos suficientes.
Problemas, enfim, que colocam o papel do médico, do nutricionista, aliás, do Profissional de Saúde e da sua equipa multidisciplinar, no centro dos ventos de mudança que se começam a levantar na nossa sociedade, talvez um pouco ofuscados pela tempestade pandémica. Que fazer? Perante um mundo cada vez mais interligado e onde já não é possível a prática clínica idílica, imaginada, de outrora, os papéis mudar-se-ão? Ou manter-se-ão, talvez, com uma perspetiva armada e preparada para enfrentar estas crises nos olhos?
Estão postas as peças no tabuleiro. Feita a epicrise, chega a hora da ação. Vamos a jogo?
Lisboa, 28 de setembro de 2021
Pedro Vilão Silva, pela Direção da FRONTAL