A Medicina em 2013

Estamos novamente na recta final de mais um ano; 2013 vai, a passos largos, despedindo-se de nós. No entanto, tal não poderia acontecer sem que o mesmo nos deixasse com várias descobertas do foro científico, das quais valerá a pena nos lembrarmos futuramente. Por isso, se andaste desatento durante este ano, aproveita e põe-te agora a par de alguns destaques da Medicina no cessante ano de 2013!

 

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A DOENÇA NO MEIO DA FAMA

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A actriz Angelina Jolie

Em 2013, foram várias as celebridades que sensibilizaram o mundo ao anunciarem as doenças com que foram diagnosticadas.

Em Maio de 2013, a revelação feita por Angelina Jolie acerca do seu teste genético positivo para a mutação BRCA1 (gene supressor tumoral presente na maioria dos cancros da mama) e a respectiva mastectomia dupla profiláctica que, por iniciativa da actriz, se lhe seguiu, surpreenderam o mundo, chamando a atenção do comum cidadão para a área da oncologia mamária.

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O actor Tom Hanks

Em Outubro de 2013, Tom Hanks tornou-se no rosto da campanha de sensibilização para a diabetes mellitus tipo 2, salientando o facto de que qualquer indivíduo pode vir a desenvolver esta doença. “Com Tom Hanks, pode-se observar alguém que não tem particularmente excesso de peso, que não aparenta ter um estilo de vida pouco saudável e isso transmite uma mensagem muito importante: qualquer pessoa pode desenvolver diabetes tipo 2” afirma Robert Ratner, director cientifico e médico-chefe da Associação Americana de Diabetes.

[alert type=”info”] O Efeito Tom Hanks[/alert]

 

OS PRINCIPAIS ALERTAS FARMACOLÓGICOS

Este ano, os médicos tiveram de ter em consideração vários avisos relativos a fármacos. Ao que parece, descobriu-se que o famoso antibiótico Azitromicina apresenta o risco de causar Torsades de Pointes – um tipo de taquicárdia ventricular -, o que implica uma monitorização cuidada dos doentes que fazem este medicamento.

Outra revelação foi a de que a classe de antibióticos Fluoroquinolonas aumenta o risco de neuropatia periférica permanente, um risco que já se encontra registado nos folhetos informativos destes fármacos.

Para além disso, o antibiótico Claritromicina, quando prescrito para doentes que já fazem medicação anti-hipertensiva com bloqueadores dos canais de cálcio, está alegadamente associado a um aumento da hospitalização dos doentes por lesão renal aguda, hipotensão e morte, facto desconhecido até este ano.

[alert type=”info”]Claritromicina e bloqueadores dos canais de cálcio: uma combinação fatal[/alert]

 

E QUE MAIS?

Os profissionais de saúde também se informaram acerca dos avisos publicados sobre os nutrientes mais vulgarmente utilizados, assim como bebidas e muito mais. E eis algumas das descobertas que foram feitas!

Parece que o  consumo excessivo de café, definido como mais de 28 cafés por semana, está associado a um risco aumentado de mortalidade em indivíduos do sexo masculino. E porquê, exactamente? A resposta a esta pergunta é que já não foi apurada. Quiçá a tenhamos em 2014. Contudo, para já, é certo que a associação entre o consumo excessivo de café e a mortalidade é mais pronunciada nos indivíduos com menos de 55 anos, independentemente do género.

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Os frutos vermelhos são muito ricos em antioxidantes

Como se não bastasse, verificou-se ainda que o consumo de bebidas não-calóricas, adoçadas artificialmente, pode aumentar o risco de ganho excessivo de peso, síndrome metabólica, diabetes mellitus tipo 2 e doenças cardiovasculares.

Por último, de acordo com o vencedor do prémio Nobel da Medicina ou Fisiologia em 1962,  James Watson (um dos “pais” da dupla hélice do DNA), uma nova hipótese propõe que os níveis de antioxidantes nas células cancerígenas serão responsáveis pela sua resistência à terapêutica. Esta teoria destruiria qualquer razão que houvesse para se tomarem suplementos nutricionais antioxidantes, por serem considerados mais uma causa do que propriamente uma prevenção do cancro.

[alert type=”info”]Antioxidantes: causa ou cura do cancro?[/alert]

 

CANELA CONTRA O AÇÚCAR?

Uma nova meta-análise revelou que os doentes com diabetes mellitus tipo 2 que haviam tomado suplementos de canela tinham melhorado os seus níveis de glicémia em jejum, assim como os de colesterol, ao contrário dos níveis de hemoglobina glicada, que não foram afectados. É certo que, actualmente, os investigadores não recomendam a canela como terapêutica de substituição da medicação anti-diabética. Contudo, é interessante pensar que futuramente,  esta poderá vir a ter um papel complementar ao da medicina convencional no tratamento desta patologia, tão frequente na civilização Ocidental.

[alert type=”info”]Canela: a futura insulina?[/alert]

 

HIV: MAIS PRÓXIMOS DA CURA?

Este ano, dois empolgantes estudos revelaram-se promissores quanto à cura dos doentes infectados com HIV.

O anticorpo humano marcado radioactivamente liga-se à proteína viral gp41, expressa na superfície dos linfócitos infectados por HIV e a célula é morta por radiação alfa
O anticorpo humano marcado radioactivamente liga-se à proteína viral gp41, expressa na superfície dos linfócitos infectados por HIV e a célula é morta por radiação alfa

Em Outubro, uma criança infectada com HIV-1 e tratada com terapia antiretroviral combinada 30 horas após o seu nascimento, permaneceu saudável e não apresentava sinais detectáveis de RNA viral aos seus 30 meses de idade, apesar de ter sido suspensa a terapia 12 meses antes.

Já em Novembro, os investigadores relataram, pela primeira vez, que a radioimunoterapia, em conjunto com a terapia anti-retroviral tripla, pode eliminar efectivamente as células infectadas com HIV. Além disso, os modelos in vitro revelaram que os anticorpos radiomarcados atravessam a barreira hematoencefálica sem perturbar as junções de oclusão das células, o que poderá abrir novos caminhos para que esta terapia seja realmente eficaz na eliminação dos reservatórios de HIV no cérebro.

Durante o ano de 2013, estes foram alguns dos destaques que a Medicina, indissociável da descoberta científica, comunicou ao mundo. Muitos mais virão ainda no ano que se avizinha e, quando tal acontecer, a FRONTAL estará, certamente, na linha de frente da sua divulgação!

[alert type=”info”]Imunoradioterapia: o novo 007 contra o HIV?[/alert]

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Ana Craciun é aluna do 3º da FCM-NOVA. Nascida na capital da Moldávia, Chisinau, veio para Portugal com 13 anos, determinada em dar o seu melhor e enfrentar os novos desafios. Ingressa no ensino superior em 2011 no curso de Medicina da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, na sua 1ª opção. Gosta muito de saber o porquê das coisas e daí o gosto pela Ciência e Investigação. Futuramente quer juntar o útil ao agradável e ser uma Médica Investigadora.

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