Uma equipa da Universidade de McGill, no Canadá, desenvolveu uma abordagem que utiliza o famoso jogo eletrónico Tetris para tratar a ambliopia adulta. Os tratamentos atualmente existentes têm pouco sucesso na melhoria sintomática dos doentes nesta faixa etária e, portanto, acredita-se que este é um grande progresso no desenvolvimento de uma cura tanto aplicável em adultos como em crianças.
A Ambliopia, também denominada de olho vago ou olho preguiçoso, é uma patologia de foro oftálmico caracterizada pela redução ou perda da visão num dos olhos, ou mais raramente em ambos. É uma das principais causas de cegueira em indivíduos com idades inferiores a 40 anos, e estima-se que afete cerca de 1-3% da população mundial.

De acordo com a New York University’s Center for Neural Science, a doença deve-se a um défice no desenvolvimento normal do sistema visual de um dos olhos (ou de ambos) durante o período de maturação do sistema nervoso central (do nascimento aos 6 anos de idade), sem que haja lesão orgânica ou estrutural, ou seja, o cérebro simplesmente não tem capacidade de reconhecer as imagens captadas pelo olho afetado. Normalmente os indivíduos apresentam uma visão reduzida ou desfocada que não é corrigível por óculos, lentes ou cirurgia.
Sabe-se que o cérebro possui neuroplasticidade a qualquer idade e, portanto, deduz-se que a ambliopia também seria tratável a qualquer idade, mas verifica-se uma taxa de maior sucesso no tratamento da doença até aos 17 anos de idade e poucos resultados no tratamento de indivíduos adultos. O tratamento atualmente inclui a utilização de palas – que tapam o olho não doente, obrigando o olho doente a “trabalhar” – terapia visual e terapêutica farmacológica que pouco efeito tem nos indivíduos já adultos.
Foi neste sentido que foi realizado um estudo por uma equipa da Universidade de McGill, no Canadá, com o objectivo de melhorar as hipóteses de tratamento dos indivíduos adultos utilizando o popular jogo Tetris.
No estudo participaram 18 adultos: 9 participantes jogaram o jogo monocularmente com o olho doente, enquanto o mais forte ficava tapado e os restantes 9 jogaram com cada olho tapado parcialmente vendo apenas uma parte separada do jogo. Ao fim de duas semanas verificou-se uma melhoria muito mais significativa no segundo grupo do que no primeiro.
Robert Hess, líder da equipa de investigação, afirma que a próxima etapa de investigação será a implementação deste tipo de tratamento em crianças e, espera-se que um dia este jogo seja uma importante ferramenta para o tratamento da ambliopia, tanto em crianças como em adultos.