iMed Summit 2023: Palestras

Em mais uma edição de sucesso do iMED Summit, a equipa da iMED Conference deixou todos os participantes empolgados para o evento principal em Outubro, a decorrer entre os dias 18 e 22. Foi uma tarde cheia de palestras, workshops, surpresas e coffee breaks (que superaram, mais uma vez, as expectativas). Tudo isto preparou-nos já para o tema do próximo ano, Unravel the Future. A iMED Conference 15.0 vai inovar o que já foi feito em anos anteriores, trazendo algumas novidades e o toque especial da equipa deste ano. 

Podemos esperar que as palestras deste ano nos abram os horizontes em 3 grandes temas: Medicina de Conflito e Catástrofe, Neurologia e Medicina Materno-Fetal. O lado humanitário da profissão médica também não será esquecido e, por isso, vamos poder contar com as Humanitarian Lectures. Por fim, para não esquecer o contacto entre a Medicina e mundo para além desta, não podemos deixar de referir as iMED Sessions. 

Como sempre, o iMED não vai ser só teoria, trazendo muitas oportunidades aos participantes para pôr as mãos na massa. Os workshops estão de volta, quer alguns dos mais populares, como outros novos por anunciar. Mas não são só os workshops que compõem a componente prática! Há também as várias competições que o iMED organiza para os seus participantes e, por isso, podemos contar com o regresso do Clinical Mind Competition, do iPitch Competition e do iNNOVATE. 

Para abrir a tarde de palestras, ficámos a saber mais sobre os Médicos do Mundo, a conhecida rede internacional que dá apoio à saúde das populações, tanto a nível de intervenção comunitária, como de emergência humanitária, em 70 países, com 17 delegações. Assim, esta organização fornece cuidados de saúde às populações em realidades muito díspares, sob condições variadas, mas sempre seguindo a mentalidade do investimento eficaz. 

A missão e o trabalho da Médicos do Mundo dá oportunidades a médicos (e futuros médicos, alguns dos quais podem ter estado no iMED Summit) para contribuir com o seu esforço e conhecimento para o apoio a populações assoladas por catástrofes. O exemplo disto foram as missões após o ciclone Idai, que assolou a região da Beira, em Moçambique. A associação tem uma presença forte em países de língua portuguesa, nomeadamente em Moçambique, na Guiné-Bissau e em Cabo Verde. 

No entanto, envolvermo-nos com a Médicos no Mundo não é apenas ir em missões – muito do trabalho envolve intervenção em problemas mais arrastados das várias comunidades. Cá em Portugal, prestam cuidados primários em várias zonas, dão apoio a pessoas com consumos, por exemplo, sob a forma de consumo vigiado de substâncias, e fazem, ainda, triagem de cidadãos com estado de permanência em Portugal incerto, que chegam aos aeroportos de Lisboa, Porto e Faro. Além disso, a associação está, cada vez mais, a tentar sair dos grandes centros e reforçar a sua presença em regiões mais isoladas. 

E agora… como é que nos podemos envolver com a associação Médicos do Mundo? Para estudantes universitários, infelizmente, a contribuição que podemos dar em trabalho de campo é limitada. Podemos ter uma participação observacional no terreno, mas para uma participação mais ativa só poderá chegar mesmo no final do curso. Mesmo assim, os alunos são bem vindos para o planeamento e desenho dos vários projetos, como alguns, aliás, já o fazem. 

Para surpresa de quem estava na sua pausa, no final do coffee break, começaram a ouvir-se uns gritos vindos do auditório. Mal se entrava no auditório, víamos no palco a “vítima”, com uma dupla de bombeiros já no local, prontos para iniciar o cuidado pré-hospitalar. Esta pequena demonstração foi mais eficaz que qualquer argumento possível a defender a importância da simulação na aprendizagem, tanto para quem está a participar como para quem está a ver. 

Os socorristas fizeram a abordagem estruturada à vítima, com rapidez e intensidade, mas sem esquecer nenhum passo para garantir os melhores cuidados. A audiência pode assistir, em tempo real, à aplicação do ABCDE, dos vários dispositivos utilizados em pré-hospitalar (nomeadamente a colocação de um tubo de Gedel), da tríade mortal do trauma, etc… 

Depois de acabar a simulação, houve algum tempo de discussão com a audiência, com algumas questões em relação à atuação dos socorristas nesta situação, o que se poderia ter feito diferente e dúvidas sobre situações emergentes como a demonstrada. 

Após a demonstração de uma abordagem à vítima em tempo real, os participantes do iMED Summit puderam ter uma visão mais geral do que é a vida a trabalhar na emergência pré-hospitalar, com a contribuição extraordináriado Dr. André Alexandre, na sua palestra 911 – How to: VMER, que teve um equilíbrio perfeito entre exposição formativa e um testemunho de um médico que já viu e passou por muito.

O papel de um médico na VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação) consegue ser variado e complementa o papel dos profissionais de saúde nos Serviços de Urgência dos hospitais. Um médico pode estar encarreguede triar o doente no local, direcionar o doente para o hospital certo (para evitar que um doente emergente ande a ser direcionado para um segundo hospital), orquestrar a atuação da equipa de intervenção no terreno e colocar alguns dispositivos no local. 

E como nos podemos tornar médicos na VMER? Uma dica importante dada pelo Dr. André é escolher fazer formação especializada num hospital com VMER, já que é preciso sermos propostos pelo hospital para esta posição. No entanto, não é impossível mesmo para quem não se forme num desses hospitais, como é o caso do próprio. A formação envolve fazer módulos teóricos e estágios no terreno, cuja aprovação se obtém por objetivos. 

Numa nota mais pessoal, o Dr. André Alexandre partilhou como os desafios enfrentados conseguem ser muitos, desde a intensidade das situações que se vêem no dia-a-dia à escassez de recursos. Por fim, partilhou algumas das suas histórias, nomeadamente já ter feito o parto a duas crianças, dois momentos que muito o marcaram ao longo destes anos. 

Para finalizar este dia de iMED Summit, os participantes tiveram a oportunidade de garantir a sua presença no iMED Conference 15.0 ao provar as suas competências de medicina diagnóstica e raciocínio clínico, abordando um caso real no Clinical Mind Competition Warm Up. Este momento serviu como preparação dos participantes para o Clinical Mind Competition, cujos moldes vão ser ligeiramente diferentes nesta próxima edição. Para tentar ser o mais abrangente possível, vai envolver 2 casos iniciais, um de Cirurgia Geral e um de Medicina Interna. Em seguida, a competição vai terminar com um caso ligeiramente mais longo de uma especialidade surpresa. O par vencedor vai ter a oportunidade de ganhar um estágio de duas semanas com o Instituto Marquês de Valle Flôr, em São Tomé e Príncipe.

Quanto ao Warm Up desta competição, não deixou de puxar bem pelos neurónios de todos os participantes, numcaso com sintomas improváveis, que pediu atenção ao detalhe e testou quem esteve atento às aulas sobre doenças infecciosas. Certamente, todos os participantes ficaram ansiosos de se juntar à edição desta competição durante o main event.

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