iMed Summit 2023: Workshops

Approach to: Panic Attack

O workshop “Approach to: Panic Attack” dirigido pela enfermeira e psicóloga Ana Sartóris, em nome da Femédica, que, com o seu entusiasmo e amor à profissão, forneceu aos seus participantes as ferramentas necessárias para saber lidar com esta situação desconcertante.

“Por vezes, o pior sítio onde podemos estar é dentro da nossa cabeça”. Esta frase, com a qual a Dra. Ana Sartóris introduziu a palestra, é uma verdade para muitas das pessoas que vivem com ansiedade diariamente. Para conseguirmos ser uma melhor ajuda para nós próprios e para os outros à nossa volta, este workshop guiou-nos por 3 pontos principais: distinguir a ansiedade de ataque de pânico, identificar os sinais e sintomas e finalmente o que fazer e tratamento.

Inicialmente, foi importante perceber o que é um ataque de pânico. A ansiedade é um processo fisiológico, essencial para a nossa sobrevivência e vida diária. Pelo contrário, um ataque de pânico é um episódio de ansiedade intensa, acompanhada de medo, sensações corporais desconfortáveis e urgência em escapar ao perigo, que atinge o seu pico em menos de 10 minutos. Pode ser acompanhado por uma grande variedade de sintomas emocionais, cardiovasculares, neurológicos, respiratórios e digestivos, muitos dos quais não associamos, habitualmente, à ansiedade, como náuseas, sensação de formigueiro, frio, etc… 

Quando ocorre um ataque de pânico, qualquer pessoa pode cair no Ciclo do Pânico: isto é, um ciclo vicioso, em que, após um primeiro ataque de pânico, a pessoa teme o aparecimento de outro, o que aumenta os seus níveis de ansiedade e abre caminho para um ataque. Combater este ciclo é um dos principais alvos quando tentamos gerir a ansiedade após um ataque de pânico. 

Mas então… o que devemos fazer se estivermos perante alguém com um ataque de pânico? Antes de mais, avaliamos se há risco de danos. Ao garantir a segurança, pedimos autorização à pessoa para chegar perto dela, ou tentamos ajudar de uma certa distância. O importante é garantir o maior conforto. Ouvimos o que a pessoa nos quiser transmitir, sem julgar, e oferecemos segurança, explicando que por muito assustadores que os sintomas sejam, eles vão desaparecer. Devemos falar com frases curtas e simples, não falar de mais, não gesticular de mais, não invadir o espaço da pessoa nem assumir uma postura de confronto. Devemos estar prontos para ajudar, sem pressupor necessidades. 

A seu tempo, devemos incentivar alguém que tenha um ataque de pânico a procurar ajuda profissional. Dependendo da situação individual da pessoa, pode fazer-se o uso de medicação, como antidepressivos ou benzodiazepinas, e também recorrer a psicoterapia, principalmente terapia cognitivo-comportamental. Esta pode incluir a aprenizagemr e aplicação no dia-a-dia de técnicas de relaxamento, diminuição da ansiedade antecipatória e alteração de algumas distorções de pensamento. A psicoterapia é especialmente importante nestes casos, já que diminui a necessidade de medicação e potencia o seu efeito. 

A palestra deixou a sua marca nos ouvintes por, de uma forma objetiva e prática, diminuir o preconceito associado à saúde mental e proporcionar uma visão introspectiva com a oportunidade de nos identificarmos. Neste workshop, ganhámos todos uma nova perspetiva sobre como nos ajudar a nós próprios e às pessoas à nossa volta que possam precisar de nós.

Inês Brandão e Pedro Pargana Ribeiro

 

Approach to: Suicide Attempt 

Tornou-se óbvio desde o início que o workshop tinha a intenção estabelecida de chocar e, acima de tudo, alertar os seus participantes. 

A psicóloga Dra. Teresa Silva, responsável pelo workshop, começou por pedir a um membro da audiência para contar 45 segundos, durante os quais se iria apresentar. 45 segundos passados, o alarme toca: “enquanto me ouviam falar morreu uma pessoa por suicídio”. Feitas as contas, são 700 mil pessoas que se suicidam todos os anos, mas números destes só nos afetam se os virmos à nossa frente.

Passou-se à visualização de vários vídeos a apelar aos sinais mais e menos subtis de uma pessoa em risco, desde comentários autoinjuriosos a um aparente desinteresse geral com a vida, e que muitas vezes passam despercebidos. A Dra. Teresa Silva complementava esta informação com uma apresentação mais teórica de características de risco que nos permitia construir um perfil de uma pessoa em risco. O perfil português mais comum corresponde a um homem de meia-idade, divorciado, sem religião, com hábitos alcoólicos e/ou uma doença psiquiátrica. 

Uma grande parte da abordagem da técnica durante o workshop passou por perguntar sempre à audiência, após a visualização de um vídeo: “o que viram?”, o que elicitava sempre uma grande variedade de respostas para os mesmos trinta segundos de imagem. A intenção foi claramente alertar-nos para a enorme subjetividade inerente ao problema da saúde mental e risco de suicídio, o que torna a sua identificação muito difícil para um olhar desatento (e desinformado).

Dessa forma, devemos estar conscientes uns dos outros, olhando com atenção para o que não se diz mas que sempre se vê. E, acima de tudo, não ter medo de perguntar. Pode fazer toda a diferença.

João Carvalho

 

Approach to: Massive Bleeding 

O workshop Massive Bleeding foi dinamizado pela Femédica, uma organização responsável pela realização de inúmeras formações de assistência médica, desde os primeiros socorros à emergência médica profissional, em diversos espaços e eventos.

Decorreu no relvado da reitoria da Universidade NOVA de Lisboa, tendo contado com uma introdução teórica, uma pequena simulação prática e um período para esclarecimento de dúvidas. Num primeiro momento, o formador, o enfermeiro Luís Figueiredo, expôs os conceitos mais relevantes na abordagem da vítima de hemorragia massiva, nomeadamente, a correspondência entre o volume hemático perdido e os graus de choque hemorrágico, a fisiopatologia das compensações do organismo e o conceito de golden hour vs. golden minutes, relembrando que a exsanguinação pode dar-se de forma extraordinariamente rápida. Assim, a adoção de medidas de controlo hemorrágico por parte de qualquer pessoa, mesmo não se tratando de um profissional de saúde, pode fazer a diferença entre a vida e a morte. 

Enquanto explicava, utilizou um garrafão de 6 litros de água como forma de recriar o volume total de sangue do corpo humano, indo interpelando os formandos como forma de participarem ativamente na veiculação de informação. De seguida, enumerou os pontos fundamentais da abordagem a uma vítima com uma hemorragia ativa, esclarecendo como deve ser realizado um torniquete, a compressão sobre a ferida e o preenchimento da ferida com compressas, ou as alternativas caso esse material não se encontre disponível. Além disso, fez-se acompanhar de uma mala com diversos artigos próprios das equipas de emergência médica, de entre os quais os torniquetes, as ligaduras hemostáticas e os cobertores térmicos, tendo dado a oportunidade de os participantes contactarem com esses exemplares reais. Por fim, além de dar espaço para a colocação de questões, convidou dois pares de participantes a tentar estancar a hemorragia na ferida incisa de um modelo de membro inferior.

De um modo geral, os participantes demonstraram-se muito satisfeitos com o workshop, interagindo com o formador, colocando questões e indagando sobre as ações de formação da organização. Por seu lado, o enfermeiro Luís Figueiredo revelou-se um orador cativante que soube eleger o essencial a reter para rapidamente agir naquele que é um cenário com que qualquer um se pode ver confrontado no seu dia a dia: uma hemorragia massiva, a Massive Bleeding.

Leonor Carvalho

 

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