William Osler (1849-1919) (1), famoso médico canadiano, foi um influente internista, patologista e educador, foi um dos “4 grandes” fundadores da J. Hopkins e leccionou em Universidades no Canadá, EUA e Ruino Unido (CREER and HOLROYD 2005) (2).
Osler, que é reconhecido mundialmente como pai da “Medicina Moderna”, publicou em 1892 a sua magnum opus; “Principles and Practice of Medicine” (princípios e prática da Medicina) (3)
Apesar de ser criticado por muitos por praticar uma medicina paternalista (CREER and HOLROYD, 2005) (2), por subestimar as capacidades da farmacologia e por negar o papel dos microorganismos em algumas doenças infecto-contagiosas (BRIAN CS, 1996) (4), Osler revolucionou a relação médico-doente e essencialmente aluno-doente.

Porquê ler Osler no século XXI?
Provavelmente muitos alunos de Medicina apenas ouviram este nome associado a alguns epónimos, tais como: Doença de Rendu-Osler-Weber (telangiectasia hemorrágica hereditária) ou Doença de Osler-Velasquez (Policitemia Vera) (1). Mas Osler é muito mais do que isto. Ao longo das suas obras ele alerta que o caminho não é fácil e recorda quão essencial é o doente para a prática da medicina.
Como promotor do “Método Natural” defendia que o melhor lugar para aprender medicina era à cabeceira do doente, trocando os anfiteatros pelas enfermarias (CREER and HOLROYD 2005) (2). Ele defendia que o aluno de Medicina “começa com o doente, continua com o doente e finaliza os seus estudos com o doente, usando livros e aulas como ferramentas, como meios para um fim” (retirada de CREER and HOLROYD 2005) (2)
Osler não esquece o papel do médico graduado, lembrando que a Medicina é só uma e devemos ter uma noção do doente como um todo.
“Na verdade, não existem especialidades na Medicine, porque, de forma a saber as doenças mais importantes, o homem deve estar familiarizado com as manifestações nos vários órgãos” (adaptado de BRIAN CS, 1996) (4)
Conclui-se que é essencial ler Osler no Século XXI porque os seus ensinamentos e aforismos se mantêm perfeitamente actuais. Se este artigo abriu a curiosidade do leitor porque não reflectir sobre esta ideia? “Nenhum ser humano é constituído para conhecer a verdade, toda a verdade e não mais que a verdade; e mesmo o melhor homem contém fragmentos, com pistas parciais, nunca conhecendo a fruto final”. “The Student Life” em The Medical News (30 de Setembro de 1905)
Para mais informação sobre a biblioteca de história da Medicina que reúne a colecção de Osler: https://www.mcgill.ca/library/branches/osler
Referências
1-http://en.wikipedia.org/wiki/William_Osler
2 – Creer TL, Holroyd KA. Self-management of chronic conditions: the legacy of Sir William Osler Chronic Illness (2006) 2, 7–14 DOI: 10.1179/174592006X93824
3– https://www.mcgill.ca/library/branches/osler/oslerbio/
4 – Bryan CS. 1996 KASS LECTURE Fever, Famine, and War: William Osler as an Infectious Diseases Specialist Clinical Infectious Diseases 1996; 23:1139-49