O grupo de estudo DIABIMMUNE iniciou o seu estudo não com questionários online, mas antes por uma tarefa um pouco mais ingrata: a recolha mensal de fezes de cerca 1000 crianças, desde o nascimento aos 3 anos, em três cidades distintas.
As cidades escolhidas foram Espoo (Finlândia), Tartu (Estónia) e Petrozavodsk (República de Carélia, Rússia). A pertinência na escolha destas três cidades deve-se ao facto de, além de serem geograficamente próximas, a incidência de DM1 na Finlândia ser cerca de 6 vezes maior do que na República de Carélia, enquanto que a Estónia, nas últimas décadas, à medida que a economia e qualidade de vida evoluíam, tem tido um aumento da incidência de diabetes, com valores inicialmente semelhantes à da República de Carélia, e a assemelhar-se agora cada vez mais à da Finlândia.
Posteriormente, os investigadores caracterizaram a população bacteriana nas amostras recolhidas, bem como as famílias de genes presentes e os respetivos microrganismos, e descobriram que existia uma proporção maior de espécies Bacteroides spp e de lipopolissacarídeos (LPS) nas amostras finlandesas e estonianas do que nas obtidas na República de Carélia. O LPS aumentado, por outro lado, era estruturalmente diferente do LPS produzido pela Escherichia coli, a espécie dominante na produção de LPS das amostras russas. O LPS produzido pela Bacteroides dorei em particular, inibe a resposta inflamatória induzida pelo LPS produzido pela Escherichia coli, e está associado à patogénese de DM1. Os investigadores responsáveis pelo estudo pretendem agora descobrir a razão das espécies Bacteroides spp dominarem a flora intestinal dos países desenvolvidos e que outros mecanismos podem estar a ligar o microbioma às doenças imunes.