SAÚDE DIGITAL
Atualmente, já todos ouviram falar em Saúde Digital. Contudo, a que se refere, ao certo, este termo? Duma forma geral, podemos pensar na Saúde Digital como sendo uma área multidisciplinar que engloba a tecnologia, a informação, a comunicação e a saúde com o objetivo de “melhorar os resultados em saúde” (Organização Mundial de Saúde).
Teleconsultas, telemonitorização, medicina personalizada, inteligência artificial e apps dirigidas à saúde do utilizador são apenas alguns exemplos de aplicações da Saúde Digital.
AVALIADOR DE SINTOMAS DIGITAL CUF
Quantas vezes é que a população recorre a motores de busca para tentar encontrar a causa duma determinada dor, manifestação cutânea, hemorragia, o que quer que seja? E quantas dessas pesquisas acabam em diagnósticos assustadores e, por vezes, completamente absurdos?
No âmbito da Saúde Digital e de forma a combater estes resultados imprecisos, a CUF – prestadora de cuidados de saúde privada, em Portugal – disponibilizou, de forma gratuita, o “Avaliador de Sintomas Digital” na app My CUF, o qual surgiu após mais de uma década de pesquisa e desenvolvimento. Esta inovação foi concebida pela Ada Health, uma empresa fundada por médicos e cientistas em 2011 e que tem sede em Berlim, e oferece a possibilidade de ser utilizada quer em português do Brasil, quer em inglês.
É de realçar ainda que este “Avaliador Digital” engloba 99% dos cenários clínicos e, de acordo com um estudo científico realizado há, aproximadamente, dois anos, as análises realizadas pelo mesmo foram corretas em 97% dos casos.
Ao acederem à aplicação móvel, os utentes têm acesso a esta funcionalidade, que permite averiguar os sinais e/ou sintomas descritos pelos pacientes. Assim, a Ada, assistente virtual, vai apresentando diversas perguntas, realizando uma autêntica anamnese, que inclui uma revisão por órgãos e sistemas, culminando numa lista de possíveis etiologias e num encaminhamento para determinada teleconsulta ou consulta médica ou para o serviço de urgências (SU).
Fig. 1 – Apresentação inicial do “Avaliador de Sintomas Digital”, na app My CUF
Deste modo, os dados dos pacientes ficam imediatamente disponíveis para consulta por parte dos profissionais de saúde que os venham a atender num dos hospitais ou clínicas da rede. Consequentemente, a assistência prestada é mais personalizada e eficiente.
COMO É QUE FUNCIONA?
Após dar início ao questionário, o paciente é confrontado, numa primeira fase, com perguntas relacionadas com o seu estado geral de saúde: se é fumador, se foi previamente diagnosticado com hipertensão arterial ou diabetes mellitus ou, caso se trate duma mulher, se se encontra grávida.
Posteriormente, a Ada foca-se no sinal ou sintoma que incomoda o doente no momento em que este recorre ao “Avaliador de Sintomas Digital” e tenta caracterizá-lo quanto à duração, intensidade (quando a queixa principal é dor, por exemplo), fatores de alívio e de agravamento, entre outros.
Por fim, tal como um médico faria, é fulcral perceber se existem outros sintomas associados e efetuar uma revisão generalizada por órgãos e sistemas, antes de apresentar as possíveis etiologias e/ou diagnósticos. Importa ainda realçar o facto de serem apresentadas várias opções de resposta, conforme apresentado nos exemplos das figuras dois e três.
Figs. 2 e 3 – Exemplos de perguntas e respostas do “Avaliador de Sintomas Digital”, na app My CUF
Imaginando o cenário dum doente que esteja a ter uma exacerbação/ crise asmática, é fácil perceber que o médico tem de atuar o mais precocemente possível. Posto isto, se os seus sintomas forem relatados à Ada, ficam registados no sistema e podem ser acedidos pelo médico assistente. Assim, quando o paciente chega ao SU, poderá ser realizado um exame objetivo mais dirigido – visto que a recolha minuciosa da história clínica já foi efetuada pelo “Avaliador” -, o que permite uma rápida atuação para resolução do quadro agudo.
Fig. 4 – Possível diagnóstico de “crise asmática”, após menção de dispneia, pieira, tosse, aperto torácico, entre outros
MAS A MEDICINA ESTÁ EM CONSTANTE MUDANÇA…
Com o objetivo de rever e aperfeiçoar esta nova ferramenta, a Ada Health tem uma equipa com cerca de 50 médicos que se dedica, precisamente, a estes assuntos. Assim sendo, é possível manter o “Avaliador de Sintomas Digital” atualizado e de acordo com as evidências mais recentes.
Além disso, de acordo com a CUF, à medida que mais utilizadores recorrem à Ada, mais precisos se vão tornando os diagnósticos, uma vez que os casos ficam registados no algoritmo do “Avaliador”. Estima-se que mais de 26 milhões de pessoas em todo o mundo já tenham recorrido a estas avaliações médicas.
Na verdade, já existem inovações deste género e irão continuar a fazer parte do nosso quotidiano, pelo que é importante tirar o melhor partido delas.
VANTAGENS DA SAÚDE DIGITAL E VISÃO DA OMS
Duma forma geral, é percetível que a compilação dos dados dos pacientes num programa informático como o “Avaliador de Sintomas Digital”, propicia diagnósticos mais rápidos e assertivos.
Adicionalmente, este tipo de facilidades digitais reduz a taxa de erro, melhora a forma como é utilizado o tempo dos médicos – uma vez que estes se podem focar, por exemplo, num exame objetivo detalhado, já que as informações relacionadas com os sintomas do doente se encontram sumarizadas no sistema –, confere comodidade – porque os médicos passam a estar à distância dum clique, tal como com as teleconsultas – e permite uma assistência mais personalizada e pormenorizada.
Relativamente aos objetivos definidos pela Organização Mundial de Saúde no que toca a promoção e adoção da Saúde digital e das inovações vindouras, estes incluem “fortalecer os sistemas de saúde dos países, alcançando a visão de saúde para todos”, “torná-los mais eficientes e sustentáveis” e “promover a partilha de dados e a interoperabilidade, contribuindo para as decisões informadas” (Organização Mundial de Saúde).
CADA CASO É UM CASO
Em suma, são inúmeros os benefícios que a tecnologia aliada à saúde pode trazer à sociedade. No entanto, há que ter presente que a avaliação por parte dum especialista na área da saúde é crucial, pois cada paciente é um caso único, com sintomas diferentes que podem ter fontes distintas e diagnósticos absolutamente díspares. Tanto a Saúde Digital como o “Avaliador de Sintomas Digital” do My CUF devem ser complementos e não substitutos da observação por parte dum médico, enfermeiro ou outro profissional do domínio mais indicado.